Comissão de Segurança Pública aprova projeto de lei para proteção da população LGBTQIA+ encarcerada.

A Comissão de Segurança Pública (CSP) aprovou na última terça-feira um projeto de lei complementar que visa criar mecanismos de proteção à população LGBTQIA+ encarcerada. O projeto, intitulado PLP 150/2021 e de autoria do senador Fabiano Contarato (PT-ES), recebeu voto favorável do relator, senador Otto Alencar (PSD-BA), e agora segue para análise do Plenário do Senado.

O texto propõe alterações na lei complementar que criou o Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), visando determinar a construção ou adaptação de celas, alas ou galerias específicas para lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, levando em consideração a quantidade apropriada e a autonomia de declaração de identidade de gênero.

Além disso, o projeto também prevê o uso de recursos do Funpen para a capacitação continuada dos profissionais do sistema prisional sobre direitos humanos, igualdade e não discriminação em relação a identidade de gênero, orientação sexual, religião, raça e etnia.

Outro ponto abordado pelo projeto é a exigência de que estados e municípios que recebam repasses do Funpen publiquem um relatório anual sobre as atividades desempenhadas no combate à discriminação por orientação sexual e identidade de gênero, incluindo casos de violência dentro do sistema prisional.

O senador Fabiano Contarato salientou em sua justificativa que a ausência de celas específicas para a população LGBTQIA+ nas prisões brasileiras resulta na violação generalizada de seus direitos, sendo este um dos problemas centrais de vulnerabilidade enfrentados por este grupo.

Durante a discussão da matéria, o senador Flávio Bolsonaro também manifestou sua preocupação com a situação, enfatizando a necessidade do Congresso em encarar a realidade que se impõe em relação a essa questão.

No parecer do senador Otto Alencar, foram acatadas sugestões propostas na Comissão de Direitos Humanos (CDH), onde a proposta tramitou anteriormente, como o direito das pessoas LGBTQIA+ de indicarem onde preferem ser mantidas no estabelecimento prisional.

No entanto, uma emenda apresentada pelo senador Sérgio Moro (União-PR) que estendia os direitos exigidos no PLP 150/2021 a todas as pessoas expostas a risco de violência por parte de outros presos foi rejeitada pelo relator, que considerou que essa medida desconfiguraria o projeto, uma vez que o sistema prisional já possui mecanismos para a proteção deste grupo específico.

O projeto busca conferir proteção a pessoas que têm seus direitos humanos violados frequentemente pelo próprio Estado, especialmente quando este se omite em garantir condições mínimas de dignidade humana nos presídios brasileiros, argumenta o senador Otto Alencar em seu voto.

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