Venezuela e Guiana concordam em não usar força na disputa por território rico em petróleo diplomaticamente mediado pelo Brasil.

A tensa e longa disputa entre Venezuela e Guiana sobre o território de Essequibo concluiu com um pronunciamento esperançoso. Após mais de um século de embates e tensões, os presidentes Irfaan Ali e Nicolás Maduro concordaram, nesta quinta-feira, em não recorrer à força para resolver a questão do território. O encontro, mediado pelo primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas, Ralph Gonsalves, aconteceu em meio a uma crescente escalada nas tensões entre os países.

Apesar de não ter resolvido o embate de uma vez por todas, o comunicado conjunto emitido após a reunião é um passo positivo em direção à resolução de um conflito que tem arrastado geopoliticamente durante anos. Os países concordaram em não ameaçar nem usar a força mutuamente “em nenhuma circunstância”, reafirmando o compromisso com o direito internacional e o reconhecimento de uma controvérsia sobre a fronteira e a futura decisão da Corte Internacional de Justiça sobre o assunto. Este acordo prenuncia uma representação conjunta de países caribenhos e a aceitação de António Guterres, secretário-geral da ONU, como observador nas negociações. Além disso, o documento ainda prever um próximo encontro entre os governantes, em Brasília, em três meses ou em uma outra data a ser acordada.

O encontro, promovido pela Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), apoiada pelo Brasil, encerrou com um aperto de mãos, simbolizando um primeiro diálogo direto entre os dois governos desde que as tensões escalaram. Ao final, o presidente Irfaan Ali reforçou a necessidade de respeito à soberania de seu país e negou que a disputa territorial estivesse na agenda da reunião. Já as autoridades venezuelanas consideraram o encontro bem-sucedido e manifestaram a vontade de continuar o diálogo para resolver a controvérsia.

A disputa sobre Essequibo remonta ao século XIX e ganhou novos contornos com a descoberta de grandes reservas de petróleo na região em 2015. A Guiana estava prestes a iniciar licitações para explorar campos petrolíferos, o que levou Caracas a rejeitar tais iniciativas. O Brasil, próximo à região, assumiu um papel de liderança regional na tentativa de mediar a disputa.

O território de Essequibo é rico em petróleo e representa um ponto estratégico na geopolítica, não apenas para Venezuela e Guiana, mas também para outras potências mundiais que buscam ampliar seus interesses na região. A declaração conjunta desses países é um sinal positivo de que, após anos de tensão e disputa, um caminho para a resolução pacífica do conflito pode estar se abrindo.

A reunião mediada pela CELAC, e com o apoio do Brasil, representa um esforço conjunto regional para trazer estabilidade a uma área considerada estratégica para a geopolítica mundial. Esta demonstração de diálogo e cooperação é um avanço significativo e oferece uma perspectiva otimista quanto ao desfecho de um problema que se estendeu por mais de um século.

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