Museu Metropolitano de Arte de Nova York concorda em devolver 16 obras de arte saqueadas ao Camboja e Tailândia.

O Metropolitan Museum of Art (Met) de Nova York anunciou na última sexta-feira a devolução de 16 importantes obras de arte saqueadas ao Camboja e à Tailândia. As peças faziam parte da coleção de Douglas A.J. Latchford, um doador do Met e negociante de arte que faleceu em 2020, pouco antes de ser indiciado como traficante ilegal de artefatos antigos.

Segundo o governo cambojano, os itens foram levados ilegalmente do país a partir da década de 1970, durante a guerra civil. Dentre as obras que serão devolvidas, duas delas voltarão para o governo da Tailândia. O museu descreve as peças como alguns dos melhores exemplos de esculturas do período Angkor, provenientes do Império Khmer, e se comprometeu a ajustar o texto da parede para indicar a repatriação dos objetos.

Esta decisão vem após anos de críticas ao acervo do Met, que incluem desde obras saqueadas até objetos com histórias problemáticas. Tanto o Camboja quanto o museu consideram a possibilidade de que mais obras de arte sejam devolvidas após uma análise mais aprofundada.

O diretor do Met, Max Hollein, enviou uma carta ao governo do Camboja afirmando que o museu está ansioso para embarcar em parcerias que promovam a compreensão e apreciação mundial da arte Khmer. Além disso, o museu se comprometeu a receber especialistas cambojanos para examinar os registros de recolha e aquisição de outras obras.

Em relação ao traficante de artefatos Douglas Latchford, ele era um negociante e estudioso de antiguidades Khmer que teve um papel significativo na expansão das galerias do Met a partir de 1983. No entanto, autoridades cambojanas alegam que muitos dos artefatos doados por ele, como esculturas Khmer de primeira linha, foram roubados e vendidos ilegalmente. Em 2019, Latchford foi indiciado por tráfico de relíquias e falsificação de documentos, acusações que foram rejeitadas após sua morte no ano seguinte, aos 88 anos.

O esforço do governo cambojano para recuperar suas obras de arte foi amparado, em parte, pelos relatos de um ex-saqueador chamado Toek Tik. Ele identificou 33 artefatos na coleção do Met como objetos que lembrava ter saqueado pessoalmente e vendido para intermediários que faziam negócios com Latchford.

Entre as 14 obras devolvidas ao Camboja, estão a Cabeça de Avalokiteshvara, o Bodhisattva da Compaixão Infinita, e uma figura de bronze com incrustações de prata, Bodhisattva Avalokiteshvara sentado com tranquilidade real, que datam dos séculos X ou XII durante o período Angkor. Uma das peças, a figura de bronze, foi comprada pelo Met de Latchford em 1992 e é considerada uma das melhores e mais importantes das poucas grandes esculturas de bronze sobreviventes do período Angkor.

A revelação da estátua traz à tona um caso preocupante. Toek Tik afirmou que encontrou a estátua por volta de 1990 em um campo a cerca de 320 quilômetros ao norte de Phnom Penh, e fotografias obtidas do computador de Latchford mostraram a estátua manchada e coberta de sujeira, sugerindo que ela havia sido escavada recentemente.

A manifestação do Met a favor da devolução das obras de arte saqueadas ao Camboja e à Tailândia representa um passo importante em direção à justiça e à preservação do patrimônio cultural desses países. A parceria entre o museu e o Camboja deve ser valorizada como um exemplo positivo de cooperação internacional na proteção da arte e da história.

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