Chile rejeita proposta de substituição da Constituição em segunda tentativa, representando fracasso da classe política.

Os chilenos rejeitaram, no domingo, o texto apresentado para substituir a Constituição do país. Essa foi a segunda tentativa fracassada de realizar essa mudança e, de acordo com especialistas, representa um fracasso para a classe política chilena. O processo teve início em meio aos protestos violentos registrados em 2019. O texto votado no domingo foi rejeitado por 55,76% dos chilenos. Esse resultado foi menor do que a primeira proposta, que foi rejeitada por 61,89% dos eleitores. No entanto, esses resultados não demonstram um comprometimento da sociedade chilena com uma ou outra corrente política. Segundo o advogado Carlos Peña, a classe política chilena falhou em interpretar as preocupações da sociedade em transformação.

A falta de consenso ficou evidente em declarações dos principais líderes políticos do país ao longo dos últimos meses. O presidente do ultraconservador Partido Republicano, José Antonio Kast, abraçou a autoria do texto e tentou transformar a votação de domingo em um plebiscito sobre Boric e sobre o aborto. Após a rejeição, fez um discurso admitindo a derrota como a de seu partido. O presidente Gabriel Boric, que manteve uma postura mais afastada e neutra durante o processo, criticou o processo em curso, apontando uma ausência de tentativa de buscar o consenso.

Com a rejeição do texto conservador, nada mudará na organização política e jurídica do Chile. No entanto, analistas e líderes partidários ainda tentam fazer uma leitura de cenário para avaliar ganhos e perdas relativas. A esquerda chilena pode se beneficiar de uma fragmentação da direita. O processo de envelhecimento da população da América Latina pode resultar em um processo de descontentamento com as instituições democráticas. No entanto, não há uma resposta única que consiga convergir diferentes setores da sociedade.

A rejeição do texto teve impacto na direita chilena, causando várias dissidências internas. Os líderes partidários afirmaram que o processo estava esgotado e os eleitores parecem cansados de debater a constituição e esperam soluções para problemas mais urgentes e imediatos do cotidiano. A certeza é de que uma nova constituinte não será tentada em um curto espaço de tempo. A rejeição da proposta conservadora também foi um motivo de otimismo para o presidente Gabriel Boric.

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