A falta de consenso ficou evidente em declarações dos principais líderes políticos do país ao longo dos últimos meses. O presidente do ultraconservador Partido Republicano, José Antonio Kast, abraçou a autoria do texto e tentou transformar a votação de domingo em um plebiscito sobre Boric e sobre o aborto. Após a rejeição, fez um discurso admitindo a derrota como a de seu partido. O presidente Gabriel Boric, que manteve uma postura mais afastada e neutra durante o processo, criticou o processo em curso, apontando uma ausência de tentativa de buscar o consenso.
Com a rejeição do texto conservador, nada mudará na organização política e jurídica do Chile. No entanto, analistas e líderes partidários ainda tentam fazer uma leitura de cenário para avaliar ganhos e perdas relativas. A esquerda chilena pode se beneficiar de uma fragmentação da direita. O processo de envelhecimento da população da América Latina pode resultar em um processo de descontentamento com as instituições democráticas. No entanto, não há uma resposta única que consiga convergir diferentes setores da sociedade.
A rejeição do texto teve impacto na direita chilena, causando várias dissidências internas. Os líderes partidários afirmaram que o processo estava esgotado e os eleitores parecem cansados de debater a constituição e esperam soluções para problemas mais urgentes e imediatos do cotidiano. A certeza é de que uma nova constituinte não será tentada em um curto espaço de tempo. A rejeição da proposta conservadora também foi um motivo de otimismo para o presidente Gabriel Boric.