Esses dados alarmantes são fruto de uma pesquisa que entrevistou 2,4 mil professores, gestores e estudantes que atuaram ou estudaram em escolas públicas estaduais que implementaram o Novo Ensino Médio na 1ª série em 2022. As entrevistas foram realizadas de forma presencial ou por telefone, no período entre 23 de junho e 6 de outubro de 2023.
A insatisfação com o novo modelo fica evidente também no fato de que 86% dos estudantes elegeram a Formação Técnica e Profissional como uma das áreas de seu interesse, porém apenas 27% dos gestores informaram ofertar disciplinas ou cursos desse tipo em suas escolas.
Os principais desafios apontados pelos gestores para a implementação do Novo Ensino Médio são a formação continuada para docentes e gestores, a adequação da infraestrutura, a obtenção de apoio técnico, e a aquisição e elaboração de material didático.
Já os professores consideram inadequada a formação que receberam, tanto para implementar a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quanto para implementar os itinerários formativos.
Segundo a coordenadora do setor de Educação da Unesco no Brasil, Rebeca Otero, a pesquisa foi feita para subsidiar as tomadas de decisão do Ministério da Educação (MEC) e dos estados, a fim de que sejam criadas condições para melhor atender tanto estudantes quanto os professores e gestores.
O Novo Ensino Médio, aprovado em 2017, começou a ser implementado em 2022 e tem sido alvo de uma série de polêmicas. Depois de uma consulta pública, o modelo está sendo discutido no Congresso Nacional e poderá ser votado pela Câmara dos Deputados.
Portanto, diante da expressiva insatisfação dos envolvidos com o Novo Ensino Médio, é necessário que o governo e as instituições de ensino considerem os resultados dessa pesquisa para avaliar e aprimorar o novo modelo, a fim de atender de forma eficaz e satisfatória as necessidades tanto dos estudantes quanto dos profissionais da educação.
