Julgamento do Massacre de Paraisópolis: Familiares e Movimentos Sociais Protestam Por Justiça Contra Policias Acusados

Familiares das nove vítimas do Massacre de Paraisópolis, de 2019, e movimentos sociais realizaram hoje (18) um protesto horas antes da retomada do julgamento do caso. A segunda audiência de instrução será realizada à tarde, no Fórum Criminal da Barra Funda e deve ouvir, entre as 25 testemunhas de acusação e as cinco de defesa, o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF) da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Neste momento, estão sendo julgados 12 policiais militares acusados de terem matado nove jovens em uma operação realizada durante um Baile da DZ7, de funk, na favela de Paraisópolis. O episódio ocorreu na noite de 1º de dezembro de 2019, ficando conhecido como Massacre de Paraisópolis.

O protesto contou com uma performance realizada pelos manifestantes para simular como os jovens foram cercados pelos agentes na operação. O objetivo foi demonstrar como houve excessos e que as imagens que revelaram momentos em que os policiais encurralaram as vítimas em uma viela são uma prova disso.

Cristina Quirino, mãe de uma das vítimas, discursou durante a manifestação, afirmando que a polícia deveria acabar, diante da repetição de uma conduta que configura constantemente abusos de autoridade e atos de racismo. Ela ainda lembrou que a favela de Paraisópolis já era alvo dos policiais antes mesmo de a tragédia durante o Baile da DZ7, como relatado em um relatório da Defensoria Pública de São Paulo.

Helen Baum, ex-egressa do sistema prisional, destacou que o que lhe aconteceu, de ser condenada injustamente por tráfico de drogas, enquanto era usuária na Cracolândia, está conectado à letalidade policial que vitima negros e pobres no país. Ela ressaltou que, se a justiça não for feita, “elas [as vítimas] vão continuar cometendo massacres. Nosso país tem um histórico de massacres”, declarou.

O presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana de São Paulo (Condepe), Dimitri Sales, ressaltou a importância da audiência, pois serão os familiares que irão contar quem eram seus parentes mortos, a histórida de cada jovem que estava no local para se divertir. Esse momento é de grande importância para que as vítimas tenham voz por meio de seus familiares.

A audiência de hoje é de extrema importância para os familiares das vítimas e para os movimentos sociais que buscam justiça para os jovens mortos durante a operação. Este caso reacende o debate sobre a violência policial, abusos de autoridade e racismo que atingem principalmente negros e pessoas de origem periférica no Brasil.

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