Tribunal de Justiça de SP retoma julgamento dos 12 PMs acusados de massacre em Paraisópolis, decidindo possível júri popular

O julgamento dos 12 policiais militares acusados de matar nove jovens durante uma operação no Baile da DZ7, na favela de Paraisópolis, está sendo retomado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo nesta segunda-feira (18). O episódio, que ficou conhecido como Massacre de Paraisópolis, ocorreu em 1º de dezembro de 2019, quando os jovens foram vítimas dos disparos dos policiais.

Além dos policiais acusados de cometer os homicídios, outro agente responde por colocar pessoas da festa em risco. O crime é imputado ao policial por ter soltado explosivos durante a operação, aumentando o tumulto no local.
Essa será a segunda audiência de instrução que acontecerá no Fórum Criminal da Barra Funda. Estão previstos os depoimentos de 25 testemunhas de acusação e cinco de defesa. No total, 52 testemunhas foram arroladas no processo, e depois da etapa de instrução vem a fase de interrogatórios.

Os jovens assassinados tinham entre 14 e 23 anos de idade e o processo foi aberto após o Ministério Público de São Paulo apresentar denúncia contra os policiais militares. A Defensoria Pública do Estado de São Paulo, assim como os familiares das vítimas, alegam que houve excessos e abuso de autoridade por parte dos agentes das forças de segurança.

A Defensoria Pública detalhou o caso em um relatório de 187 páginas, citando imagens captadas por câmeras e conversas que revelam o modo como os policiais agiram na ocasião. O relatório afirma que os jovens foram encurralados pelos policiais e morreram por asfixia, não por terem sido pisoteados, como alegam as autoridades.

Já a defesa dos policiais militares nega que houve erros em sua conduta e alega que chegaram ao local para dispersar um tumulto e garantir a segurança de todos. O argumento é de que houve uma reação dos agentes diante da fuga de dois criminosos para o baile funk, culminando na morte dos jovens.

Nas redes sociais, as famílias das vítimas têm divulgado o caso utilizando hashtags como #nãofoisocorro, #nãofoiresistência e #nãofoipisoteamento, alegando que o episódio é mais um exemplo da letalidade policial contra negros e pobres.

O então governador de São Paulo, João Doria, reafirmou na época do episódio que o modelo de atuação das polícias não seria mudado, gerando polêmica e indignação por parte de ativistas e movimentos sociais.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo