Copom destaca importância do cumprimento da política fiscal para queda da inflação e decisões sobre taxa básica de juros.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) está preocupado com as expectativas de inflação acima da meta estabelecida. Segundo os membros do comitê, a redução das expectativas requer o contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação tanto das instituições públicas como dos arcabouços fiscal e monetário, que compõem a política econômica brasileira.

Durante a última reunião, o Copom reafirmou a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária. Além disso, o comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, o que teria impactos sobre a potência da política monetária e o custo de desinflação em termos de atividade.

A taxa neutra é aquela que nem estimula, nem desestimula a economia, sendo a taxa de juros real consistente para manter o nível de atividade econômica, com o fomento ao pleno emprego e a inflação na meta. Quando o BC quer conter a demanda aquecida e frear a inflação, ele aumenta a taxa básica de juros para uma posição acima do juro neutro. Já para incentivar a produção e o consumo, o Copom diminui a Selic. Em caso de economia estável, com a inflação no centro da meta, a Selic tende a ficar próxima da taxa neutra.

De acordo com o último Relatório de Inflação do Banco Central, a média da taxa de juros real neutra está em 4,8%, com intervalo entre 4,5% e 5%.

O Copom destacou que não há relação mecânica desses fatores com a política monetária, mas as variáveis, como a dinâmica fiscal ou o cenário externo, podem alterar as expectativas de mercado, o que impacta a decisão do BC sobre os juros.

Na semana passada, o Copom decidiu reduzir a taxa Selic, de 12,25% ao ano para 11,75% ao ano. Esse comportamento dos preços fez com que o BC cortasse os juros pela quarta vez no semestre, em um ciclo que deve seguir com cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões.

A taxa Selic é o principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação, definida pelo Conselho Monetário Nacional. A autarquia não adiantou quando parará de reduzir a Selic e informou que o momento dependerá do comportamento da inflação no primeiro semestre de 2024.

O Copom avaliou ainda um conjunto de indicadores recentes que indica o cenário de desaceleração da economia. A divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre confirmou a moderação de crescimento, com resiliência no consumo das famílias. No entanto, a formação bruta em capital fixo (investimentos das empresas), que é mais sensível às condições financeiras, segue em queda, após uma forte elevação ao longo do período da pandemia.

A decisão do Copom é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta para 2024 e o de 2025, que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Em novembro, o IPCA ficou em 0,28%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), pressionado pelo aumento de preços dos alimentos.

Como analistas do mercado têm projetado, a taxa de juros básica deve seguir em queda, visando a ancoragem das expectativas em torno das metas de inflação, mas a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, das expectativas, do hiato do produto e do balanço de riscos.

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