Nesta quarta-feira (20), o Ministério Público solicitou a prisão perpétua para o chileno Nicolás Zepeda, em meio ao julgamento em uma corte de apelação na França. Ele é acusado pelo homicídio de sua ex-namorada japonesa Narumi Kurosaki no ano de 2016. O corpo da vítima, no entanto, nunca foi encontrado.
O promotor Étienne Manteaux fez questão de destacar que, na visão do Ministério Público, toda a investigação aponta para a culpa de Zepeda na morte de Narumi Kurosaki. Ele ressaltou, ainda, que considera o crime como premeditado.
No julgamento em primeira instância, em 2022, o Ministério Público já havia pedido a prisão perpétua para o réu, mas, na ocasião, o tribunal condenou Zepeda a 28 anos de prisão. De acordo com a acusação, Zepeda teria cruzado o Atlântico para visitar a vítima dois meses depois do término do relacionamento e a teria matado em seu quarto de residência estudantil em Besançon, na França.
Durante a sua alegação, o promotor destacou que existem “gritos de mulher” ouvidos de madrugada, que, segundo ele, são a “prova central” do crime. Além disso, Étienne Manteaux descartou outras teses, como suicídio, desaparecimento por iniciativa própria e extorsão mediante sequestro.
Desta forma, a acusação perseguiu a premeditação do crime, apontando indícios como a compra de cinco litros de combustível, fósforos e produto de limpeza por Zepeda, bem como sua visita prévia a uma área de mata a cerca de 50 km de Besançon, onde teria se livrado do corpo de Narumi.
Para apresentar seus argumentos, o promotor destacou a conexão do acusado com os aplicativos de mensagem e uma rede social da vítima a partir de países como Espanha, Suíça e Chile, coincidindo com a presença do chileno nesses lugares após o desaparecimento de Narumi.
Se afirmada a premeditação, o promotor ressaltou que o crime se enquadraria como um “feminicídio” e abriria espaço para a pena de prisão perpétua. Por fim, Manteaux lamentou que Zepeda não tenha confessado e criticou a postura do pai do acusado, Humberto Zepeda, em relação à investigação.
A defesa de Nicolás Zepeda terá a oportunidade de apresentar seus argumentos a partir de quinta-feira, buscando destacar as “áreas cinzentas” da investigação e semear dúvidas sobre a acusação do Ministério Público. O tribunal, formado por magistrados e jurados populares, deve determinar a culpabilidade do réu nos próximos dias.
