Pesquisa revela baixa representatividade de pessoas pretas e pardas no secretariado dos governos estaduais, com apenas 10,5% ocupando esses cargos.

Um estudo recente realizado pelo Grupo de Estudos Multidisciplinares de Ação Afirmativa da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Gemaa/Uerj), em parceria com a Fundação Lemann e a Imaginable Futures, revelou dados preocupantes sobre a representatividade racial e de gênero nos governos estaduais do Brasil.

De acordo com a pesquisa, apenas 10,5% dos secretários e secretárias dos governos estaduais são pessoas pretas e pardas. Além disso, as mulheres ocupam apenas 29,7% desses cargos de alta liderança, com as pretas e pardas representando apenas 4% do secretariado. Os números apontam para uma clara falta de diversidade e representatividade dentro desses órgãos governamentais.

Uma análise das regiões do país revelou que somente o Nordeste apresenta um percentual de secretárias de estado acima da média nacional, com 37,2% contra os 29,7% observados no restante do país. Além disso, o Nordeste e o Norte são as únicas regiões que possuem percentuais de pretos e pardos acima da média nacional no secretariado. Cerca de 81,7% de todos os secretários estaduais pretos e pardos se encontram nessas duas regiões.

Outro dado relevante apontado pela pesquisa é que mais da metade dos secretários pretos e pardos comandam pastas sociais, como Assistência Social, Cultura e Esportes. Já as secretárias negras e pardas estão em sua maioria atuando no setor social.

O coordenador do Gemaa e professor de Ciência Política da Uerj, Luiz Augusto Campos, destacou que a ausência de pessoas negras e pardas no secretariado representa um déficit democrático. Ele ressaltou que as políticas públicas estaduais impactam significativamente a população negra e parda, mas são pensadas e geridas majoritariamente por brancos e homens.

O diretor de Conhecimento, Dados e Pesquisa da Fundação Lemann, Daniel de Bonis, ressaltou que a pesquisa busca mostrar a falta de dados na área, já que não há uma exigência oficial para publicar informações sobre o perfil racial, de gênero ou socioeconômico dos altos dirigentes públicos. Ele defendeu que a falta de diversidade e inclusão nos espaços de poder é um reflexo da concentração desses espaços em um grupo majoritariamente formado por homens brancos.

A pesquisa mapeou 572 secretários e secretárias estaduais nas 27 Unidades da Federação, classificando as pastas por campo de atuação – social, econômica, infraestrutura ou órgãos centrais. Os resultados demonstram a urgência de se promover a diversidade e a inclusão nos órgãos governamentais, visando uma representatividade mais fiel da sociedade brasileira.

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