A mãe de um dos adolescentes relatou o caso na sede administrativa da Defensoria Pública do Rio de Janeiro na última quinta-feira (21). Ela criticou a situação e afirmou que seus filhos estavam apenas indo se divertir na praia e poderiam ter sofrido consequências mais graves durante a abordagem policial.
A Defensoria Pública revelou que relatos semelhantes a este são recorrentes e frequentes nos conselhos tutelares da cidade. Isso é considerado um sinal de racismo e segregação social, de acordo com as fontes ouvidas pela reportagem. O Movimento Negro Unificado (MNU) classificou as ações como um “apartheid” e criticou a prática de impedir que determinados grupos frequentem espaços públicos com base na cor da pele e classe social.
A socióloga Carolina Grillo, coordenadora do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI) da Universidade Federal Fluminense (UFF), também se manifestou sobre o assunto, criticando a ideia de prevenção adotada pelas autoridades do Rio. Ela apontou que existe uma incriminação preventiva de grupos sociais considerados potencialmente perigosos, o que provoca impactos sociais e psicológicos nas vítimas.
Além disso, o MNU e a socióloga Carolina Grillo criticaram as autoridades por não protegerem as crianças e jovens negros de atitudes racistas, e argumentaram que a solução para o problema não está na abordagem punitiva, mas sim em políticas públicas que proporcionem mais oportunidades de desenvolvimento pessoal e renda para a juventude.
A situação levanta questões sobre a forma como a juventude negra é tratada pelas autoridades e a sociedade em geral, o que requer uma reflexão mais profunda sobre a forma como as políticas públicas têm abordado as desigualdades sociais e raciais no país. Enquanto isso, as vítimas e suas famílias sofrem as consequências de ações discriminatórias, que impactam não apenas suas vidas, mas também a sua percepção sobre a sociedade em que vivem.