Dados do censo apontam que pessoas autodeclaradas pardas são maioria no Brasil e superam a população branca.

Pela primeira vez na história do Brasil, pessoas que se identificam como pardas são maioria, superando a população branca. Segundo dados do censo divulgados nesta sexta-feira (22), 92,1 milhões de brasileiros se declararam pardos, o que representa 45,3% da população total de 203 milhões de habitantes. Esses números indicam um crescimento em relação aos censos anteriores, apontando uma mudança significativa na distribuição da composição racial no país.

Desde 1991, quando o IBGE introduziu a classificação “cor ou raça”, a população branca era predominante e os pardos não ultrapassavam esse contingente. No entanto, os dados mais recentes mostram que a população branca totaliza 88,2 milhões de pessoas, ou seja, 43,5% do total da população, revelando uma inversão nessa tendência.

Além disso, o censo indicou um aumento significativo na população que se declara preta, totalizando 20,6 milhões de brasileiros. Esse número representa um aumento de 7,6% em relação ao censo de 2010, refletindo uma maior consciência racial e uma mudança na forma como as pessoas se identificam.

Outros 1,7 milhão de brasileiros se declararam indígenas e 850.100 como “amarelos”, de ascendência asiática. Segundo Leonardo Athias, analista do IBGE, essas variações na distribuição da população por cor ou raça podem ser explicadas por diversos fatores, como migração, identificação, condições de vida e serviços, entre outros.

Esses dados consolidam as recentes tendências em meio a uma maior consciência racial entre pretos e pardos no Brasil, que foi o último país das Américas a abolir a escravidão, em 1888. No entanto, o país ainda enfrenta o racismo estrutural, como evidenciado pelo baixo número de executivos pretos nas maiores empresas brasileiras, que representa menos de 5% do total.

Diante desse cenário, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou em março que pelo menos 30% dos cargos da administração pública em nível federal no Brasil sejam destinados a pessoas pretas e pardas. Essa medida visa promover a inclusão e a representatividade desses grupos na esfera pública. No entanto, Lula foi criticado por ignorar os pedidos de grupos ativistas para nomear pessoas pretas para ocupar vagas no Supremo Tribunal Federal.

Assim, os resultados do censo reforçam a importância de políticas e ações afirmativas para enfrentar as desigualdades raciais no Brasil e garantir a inclusão e a representatividade das populações pretas e pardas em todos os setores da sociedade.

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