Justiça francesa inicia audiência para decidir permanência de 303 indianos em aeroporto sob suspeita de tráfico de pessoas

A Justiça Francesa iniciará no domingo (24) as audiências para decidir se os 303 passageiros de nacionalidade indiana de um voo entre Emirados Árabes Unidos e Nicarágua, que devem permanecer em um aeroporto no norte do país, onde estão retidos desde quinta-feira devido a uma denúncia de tráfico de pessoas.

O avião da companhia romena Legend Airlines deveria voar de Dubai para Manágua com uma escala na França. Desde quinta, esse Airbus A340 está bloqueado no aeroporto de Vatry, cerca de 150 km a leste de Paris, após uma denúncia anônima de que os passageiros poderiam ser “vítimas de tráfico de pessoas”, segundo a Procuradoria da capital francesa.

De acordo com a lei francesa, um estrangeiro pode ser retido na área de espera por até quatro dias, mas esse período pode ser prorrogado por oito dias por um juiz e mais oito em circunstâncias excepcionais.

As audiências devem começar às 9h locais (5h de Brasília) e seguir até segunda-feira, de acordo com o presidente do Colégio de Advogados de Reims, Pascal Guillaume.

Da totalidade dos passageiros, há onze menores não acompanhados, e dez deles haviam solicitado asilo no final da tarde de sábado. Seis menores não acompanhados expressaram o desejo de apresentar uma solicitação, afirmou Aurore Opyrchal, advogada designada para representar alguns deles.

Uma fonte próxima às investigações indicou que os passageiros, provavelmente trabalhadores indianos nos Emirados, buscavam ir para um país da América Central para tentar seguir para o norte e entrar irregularmente nos Estados Unidos ou Canadá.

Os membros da tripulação, 15 para o trecho Dubai-Vatry e 14 ou 15 para a conexão Vatry-Manágua, “foram interrogados e autorizados a sair livremente e a voltar para casa se quiserem”, disse neste sábado Liliana Bakayoko, advogada da companhia aérea.

A Legend Airlines “já realizou diversos voos neste trajeto, sempre para o mesmo cliente, que não é europeu”, explicou. A empresa planeja ser “parte civil se o Ministério Público iniciar uma ação ou apresentar denúncia”.

A embaixada da Índia na França indicou neste sábado que está trabalhando para “uma rápida resolução da situação”. Um cordão policial bloqueia o acesso ao aeroporto e uma fila de lonas brancas esconde a janela do saguão de chegadas, constatou um jornalista da AFP.

A Proteção Civil local instalou chuveiros, camas e banheiros móveis no aeroporto. As autoridades disseram que também foi delimitada uma “zona ‘família’ para garantir a privacidade entre pais e filhos” e que estão fornecendo “três refeições por dia”.

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