Os dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontaram que pardos compõem 45,3% da população e pela primeira vez desde 1872, superaram a quantidade de brancos. Além disso, a proporção de pretos mais do que dobrou entre 1991 e 2022, atingindo 10,2% da população.
Leonardo Athias, pesquisador, ressaltou que a mudança no perfil étnico-racial do país está relacionada à percepção das pessoas sobre si mesmas, influenciada por contextos socioeconômicos e relações inter-raciais. Para a historiadora Wania Sant’Anna, o Brasil está passando por um momento de reconhecimento étnico-racial, especialmente com relação à negritude e à afrodescendência. Ela destacou que a mudança nos dados do censo consolida uma trajetória que vem desde o recenseamento de 1991 e que não tem volta.
Além disso, debates públicos mais abertos sobre desigualdades raciais, racismo e preconceito, juntamente com as manifestações culturais populares que abordam questões raciais, têm contribuído para a conscientização das pessoas em relação à negritude. Os especialistas enfatizaram a importância dos debates sobre racismo e a valorização das manifestações culturais como elementos que informam as pessoas e as ajudam a se reconhecerem.
Tais mudanças na percepção étnico-racial têm implicações significativas para a busca por representatividade e a formulação de políticas públicas. Especialistas destacam que os dados do Censo 2022 são uma evidência para a busca por mais representatividade e políticas públicas, como a indicação de uma mulher negra para o Supremo Tribunal Federal (STF).
Por fim, os especialistas defendem a importância da discussão contínua sobre questões raciais e o aperfeiçoamento de políticas públicas, visando a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, e o enfrentamento ao racismo. Em um país que se encontra em um momento de reconhecimento étnico-racial, a conscientização e ações afirmativas se tornam essenciais para a promoção da igualdade e do respeito.