A decisão de alterar a data da celebração do Natal foi aprovada pelo Parlamento ucraniano em julho e promulgada pelo presidente Volodimir Zelensky. Segundo a justificativa do projeto de lei, a mudança visa a libertar a Ucrânia da influência russa, que se estendia até mesmo à definição do calendário, e a reforçar a identidade nacional do país.
Além da mudança na data do Natal, a Ucrânia tem adotado outras medidas para se distanciar da Rússia, como mudanças de nomes de ruas e cidades que remetem à era soviética, quando o país fazia parte da União Soviética. Isso reflete o aprofundamento da distância entre as igrejas da Ucrânia e da Rússia desde a invasão russa em 2022.
A Igreja Ortodoxa Ucraniana, que por séculos esteve sob influência religiosa da Rússia, declarou independência do Patriarcado de Moscou em 2019. Já a parte da igreja ucraniana vinculada a Moscou também declarou independência em repúdio ao apoio à invasão prestado pelo patriarca russo Kirill.
Vale ressaltar que algumas igrejas ortodoxas, como as da Rússia e da Sérvia, seguem utilizando o calendário juliano para suas celebrações religiosas, em vez do calendário gregoriano.
Durante o regime soviético (1917-1991), as celebrações de Natal na Ucrânia foram fundidas às festividades de Ano Novo, que se tornaram a principal celebração para muitas famílias ucranianas. Na ceia de Natal, é costume servir 12 pratos sem carne, incluindo a “kutiá”, feita com grãos de trigo, mel, uva-passa, nozes moídas e sementes de papoula.
A mudança na data de celebração do Natal representa mais um passo significativo na construção de uma identidade nacional distinta da Ucrânia em relação à Rússia, em um momento em que o país busca se afastar da influência russa e reafirmar sua independência.