A China tem enfrentado dificuldades domésticas e pressões externas, motivadas pelo intervencionismo do Estado, pela baixa do setor imobiliário e pelas turbulências do cenário externo, entre outros fatores. A incerteza econômica é ilustrada pelo fato de que o investimento privado neste ano manteve-se no mesmo nível de 2022. Além disso, a demanda por barras de ouro no país disparou, com um aumento de 26% em relação ao mesmo período de 2022.
Para Barry Naughton, especialista em economia chinesa, a surpresa entre analistas com a relutância do governo em implementar políticas de estímulo perde de vista o que é a prioridade da liderança. O crescimento da economia a qualquer custo já não está no topo da lista, sendo o foco principal responder ao desafio americano.
O próximo ano também traz a tensão das eleições, tanto em Taiwan quanto nos Estados Unidos, que podem influenciar as relações sino-americanas. No entanto, segundo Wang Huiyao, presidente do Centro para China e Globalização, a reunificação é um processo natural e não tem grande impacto a longo prazo.
Do ponto de vista diplomático, o novo ano começa com a estreia de um triunfo de Pequim em sua busca por parcerias na competição com o Ocidente. O novo Brics ampliado entra em vigor no primeiro dia do ano, mostrando o poder econômico da China como potência global. No entanto, a forma como esse poder é direcionado dentro e fora do país mudou, levando à “transformação sistêmica” liderada por Xi Jinping.
Em resumo, a China enfrenta desafios tanto internos quanto externos, e seu governo está focado em preparar o país para uma longa competição com os Estados Unidos. A política de Covid zero teve impactos econômicos significativos, e as eleições em Taiwan e nos Estados Unidos podem influenciar as relações sino-americanas. Por fim, a China segue buscando parcerias no cenário internacional para consolidar seu poder econômico como potência global.