Ministros israelenses de extrema-direita sugerem emigração dos palestinos, gerando condenações internacionais e preocupações com direitos humanos no Oriente Médio.

Ministros israelenses causam revolta em países do Golfo Pérsico com declarações sobre emigração palestina após conflito

Nesta quinta-feira, diversos países do Golfo Pérsico condenaram veementemente os comentários de dois ministros israelenses de extrema-direita, que sugeriram que palestinos emigrem da Faixa de Gaza após o fim do conflito entre o Hamas e Israel, que já se estende por quase três meses. Os países se pronunciaram após o pedido do ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, e de Itamar Ben-Gvir, ministro de Segurança Nacional de Israel e líder do partido de extrema direita e pró-colonização Força Judaica, para o retorno de colonos a Gaza. As declarações também foram criticadas anteriormente pelos Estados Unidos, União Europeia e pela chefe de direitos humanos da ONU, Volker Turk.

O Ministério das Relações Exteriores da Arábia Saudita divulgou um comunicado onde “condena categoricamente e rejeita os comentários dos dois ministros israelenses”, pedindo à comunidade internacional que atue diante da “persistência” do governo israelense em violar o direito internacional “por meio de suas declarações e ações”. O Catar, que desempenhou um papel mediador na trégua temporária entre Israel e o grupo fundamentalista islâmico no final de novembro, também “condenou nos termos mais fortes” os comentários dos dois ministros, enfatizando que a política de punição coletiva e deslocamento forçado praticada pelas autoridades de ocupação contra os habitantes de Gaza não mudará o fato de que Gaza é terra palestina e permanecerá palestina. O Kuwait seguiu a mesma linha, alertando contra “planos israelenses para deslocar residentes de Gaza em particular e o povo palestino em geral”. Mesmo os Emirados Árabes Unidos, que normalizaram os laços com Israel em 2020, “condenaram nos termos mais fortes as declarações extremistas” dos dois ministros, e expressaram sua “rejeição categórica a tais declarações ofensivas e a todas as práticas que ameaçam uma escalada e instabilidade adicionais na região”, através de um comunicado emitido pelo Ministério das Relações Exteriores.

Volker Turk, chefe de direitos humanos da ONU, também usou suas redes sociais para demonstrar sua apreensão com as declarações, afirmando que a legislação internacional proíbe a transferência forçada de pessoas protegidas dentro ou deportação de território ocupado.

Os Estados Unidos, União Europeia, Arábia Saudita, Catar, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e ONU condenaram o que consideram retórica inflamatória e pedem a comunidade internacional para agir contra tal violação do direito internacional. Os ministros israelenses defendem a proposta de reassentar palestinos fora de Gaza, enfatizando que tal ação proporcionaria maior segurança para o Estado de Israel, mas sofre rejeição de vários países e organizações internacionais.

Desde o início da ofensiva militar de Israel em Gaza, em outubro, dois grandes fluxos de deslocamentos forçados ocorreram em direção ao sul. As declarações dos ministros israelenses referentes à transferência da população palestina de Gaza para países terceiros foram classificadas pelos EUA como “irresponsáveis”. As consequências dessa política de deslocamento forçado sobre a população palestina tem provocado revolta em órgãos internacionais e em diversos países da região do Golfo Pérsico.

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