Relatório mostra que 60 presos de alta periculosidade não retornaram ao presídio após benefício de visita periódica ao lar

Mais de 250 presos beneficiados pela Visita Periódica ao Lar (VPL) não retornaram ao presídio, como previsto pela Justiça, informou a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Rio de Janeiro. De acordo com o relatório enviado pela Seap ao deputado Márcio Gualberto (PL), presidente da Comissão de Segurança Pública e Assuntos de Polícia da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), 57 dos detentos que não retornaram eram considerados de alta periculosidade, e mais três eram de altíssimo grau.

A evasão ocorreu durante o chamado “saidão” de Natal, que permitiu que 1.785 detentos deixassem a cadeia para passar as festas com suas famílias, e 253 deles não retornaram à prisão na data estipulada pela Justiça. Embora essa porcentagem (14%) seja menor do que a do ano anterior (42%), a Alerj requisitou esclarecimentos da Seap sobre cada detento que fugiu, incluindo informações sobre o grau de periculosidade e os motivos pelos quais não utilizaram tornozeleira eletrônica.

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O relatório revela que os detentos que não retornaram saíram de 13 unidades do sistema penitenciário. Além disso, foram identificados 60 presos de alta ou altíssima periculosidade, mas o número pode ser ainda maior, uma vez que a classificação de risco de 82 detentos não foi informada. Entre os detentos de altíssimo grau de periculosidade estão Paulo Sério Gomes da Silva, Saulo Cristiano Oliveira Dias e William da Silva, sendo que os dois primeiros comandaram o tráfico de drogas em favelas no Rio de Janeiro.

O relatório também aponta a presença de 94 detentos de média periculosidade e 17 de baixa periculosidade, além de quatro mulheres na lista de foragidos da Justiça. A secretária de Administração Penitenciária, Maria Rosa Lo Duca Nebel, ressaltou no documento que nenhum dos presos do “saidão” foi recapturado.

Em relação à ausência de tornozeleiras nos presos, a Seap esclareceu que não houve determinação judicial para o monitoramento eletrônico. Além disso, a reinserção de presos no sistema penitenciário após o descumprimento do benefício depende da avaliação do juiz da Vara de Execuções Penais (VEP), que analisará caso a caso. A Seap também informou que presos que cometeram falta disciplinar grave têm o benefício automaticamente revogado.

Os presos beneficiados com a VPL são de diversas unidades do sistema penitenciário do Rio de Janeiro. Ainda, a Seap informou que nenhum deles foi recapturado até o momento, suscitando preocupações com a segurança pública e o cumprimento das regras estabelecidas pela Justiça.

A situação levanta questões sobre as medidas de segurança e o monitoramento de presos em regime de benefício, gerando debates sobre as práticas adotadas pelo sistema penitenciário fluminense. O relatório da Seap traz à tona a necessidade de uma análise mais aprofundada sobre as políticas de ressocialização e as estratégias de reintegração de detentos à sociedade, visando salvaguardar a segurança pública e proteger a população de possíveis riscos advindos da evasão de presos de alta periculosidade.

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