Primeira espaçonave americana para a Lua depois de mais de meio século sofre “anomalia” após decolagem bem-sucedida, informa empresa.

Após mais de meio século, uma emoção borbulhante tomou conta da nação americana com o lançamento do foguete Vulcan Centaur, da United Launch Alliance (ULA). A expectativa era grande pela primeira espaçonave americana que pretende chegar à Lua, e a expectativa só aumentou depois que a ULA revelou que todos os seus sistemas estavam ligados e em “status operacional total”.

No entanto, minutos depois do anúncio do sucesso, a empresa Astrobotic informou que a espaçonave sofreu uma anomalia que a prejudicaria na obtenção de uma orientação estável em direção ao Sol, impossibilitando que seus painéis solares fossem apontados para a máxima geração de energia. A Astrobotic é a responsável pelo módulo de pouso lunar Peregrine que foguete transportava.

O módulo foi desenvolvido pela Astrobotic com apoio da Agência Espacial Americana (Nasa), que encomendou à empresa o transporte de material científico até a Lua. Se a empresa conseguir pousar este dispositivo espacial em uma região de latitude média da Lua chamada Sinus Viscositatis, em 23 de fevereiro, poderá se tornar a primeira companhia privada a realizar tal feito.

De acordo com o CEO da Astrobotic, John Thornton, levar os Estados Unidos novamente à superfície da Lua pela primeira vez desde a Apollo é “uma honra transcendental” e um marco no desenvolvimento científico e espacial.

A missão se enquadra no programa Commercial Lunar Payload Services (CLPS), cujo objetivo é estimular a economia lunar e enviar naves espaciais a baixo custo. Esse impulso ao setor privado é uma forma de preparação para missões mais ambiciosas, como o programa Artemis, liderado pela Nasa, que tem como objetivo mandar astronautas de volta à Lua como preparação para futuras missões a Marte.

Ainda em fase de desenvolvimento, a missão também conta com desafios. O pouso controlado na Lua é uma tarefa difícil, visto que aproximadamente metade de todas as tentativas acaba em fracasso. Até então, apenas agências espaciais nacionais conseguiram realizar um pouso bem-sucedido no satélite natural da Terra.

Além disso, o lançamento do Vulcan da ULA, que é uma empresa conjunta entre a Lockheed Martin e a Boeing, surgiu como um novo desafio pela sua estreia.

Apesar dos empecilhos, a missão carrega consigo uma carga significativa, incluindo instrumentos científicos que serão utilizados para estudar a superfície lunar, um Bitcoin físico e, de forma controversa, restos cremados e DNA de figuras célebres, como o criador de Star Trek, Gene Roddenberry, e o lendário autor e cientista de ficção científica, Arthur C. Clarke.

A emoção pelo avanço da missão é palpável, mas não está isenta de controvérsias. A Nação Navajo, o maior povo indígena dos Estados Unidos, emitiu um comunicado afirmando que a missão à Lua profana um corpo que é sagrado para a sua cultura, e defendeu a remoção da carga. Embora tenham recebido a promessa de uma reunião final com representantes da Casa Branca, da Nasa e de outros funcionários, as suas objeções foram ignoradas.

Em suma, essa missão é um marco na exploração do espaço e avanço do conhecimento científico, e se concluída com sucesso, será uma demonstração do potencial do setor privado na conquista de marcos históricos no campo da exploração espacial. Acompanharemos de perto os desdobramentos das próximas etapas e estaremos atentos aos avanços, desafios e polêmicas da missão lunar.

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