Repórter Recife – PE – Brasil

Cientistas holandeses criam pela primeira vez minicérebros em laboratório a partir de tecido fetal humano para estudo e desenvolvimento de novos tratamentos.

Cientistas holandeses criaram algo tão inovador que rompe o território da ficção científica: minicérebros feitos a partir de tecido fetal humano. Pela primeira vez, a reprodução do órgão foi obtida diretamente do material genético de um feto, o que, segundo os responsáveis pela façanha, traz uma complexidade ainda maior ao estudo.

O novo método abre caminho para uma investigação inédita sobre o desenvolvimento do cérebro humano. Os minicérebros, que são do tamanho de um grão de arroz, possibilitam a compreensão do papel de diferentes células e do seu ambiente durante a formação do órgão. Além disso, permitem o estudo mais aprofundado do cérebro e podem auxiliar na busca por alternativas de tratamento para doenças, como a microcefalia e o câncer cerebral infantil.

Não se trata de órgãos verdadeiros, mas de organoides 3D, conhecidos como “miniórgãos”. Esses pequenos modelos de órgãos proporcionam um grau de complexidade que possibilita trabalhos que anteriormente só podiam ser realizados com animais. Apesar de serem estruturas muito pequenas, os organoides são uma ferramenta inestimável para estudar o funcionamento dos órgãos humanos.

Os minicérebros derivados de tecido fetal autogerado mostraram uma estrutura complexa de diferentes tipos de células cerebrais e proteínas, mantendo as características da região específica do cérebro de onde o tecido foi originalmente retirado. Eles tiveram seu desenvolvimento observado por mais de seis meses em laboratório e continuaram a crescer.

O estudo também chamou a atenção pela possibilidade de que os minicérebros possam ser utilizados para a pesquisa de novos tratamentos para o câncer cerebral. Por meio de uma técnica inovadora de edição genética chamada CRISPR, os cientistas introduziram erros nos genes de algumas células associadas ao tumor. Após três meses, as células defeituosas ultrapassaram completamente as saudáveis no organoide, um comportamento típico de células cancerígenas. Isso demonstrou que o novo modelo pode ser usado para a pesquisa e teste de novos medicamentos contra a doença.

Apesar do progresso científico representado pelos minicérebros, a pesquisa também levantou debates éticos sobre os limites do material e se ele pode ter alguma forma de consciência. Esse é um tema que ainda gera muita controvérsia e incita um amplo debate entre cientistas e filósofos. Os pesquisadores precisam considerar princípios semelhantes aos dos experimentos com animais, usando o número mínimo possível de organoides e fazendo o máximo para prevenir a dor e o sofrimento.

Com todas essas questões em jogo, o avanço científico para a realização de novas pesquisas e descobertas sobre os minicérebros exigirá uma avaliação proativa dos desafios éticos e sociais. Os avanços no desenvolvimento de modelos experimentais in vitro do cérebro humano possibilitam a análise proativa dessas questões, que vão desde o consentimento até a possível consciência e sensibilidade à dor desses modelos.

Assim, a criação desses minicérebros derivados de tecido fetal humano é um marco na história da ciência, abrindo portas para avanços e descobertas que podem beneficiar a humanidade e, ao mesmo tempo, desafiar a ética e o debate filosófico sobre a natureza da consciência e dos limites da ciência.

Sair da versão mobile