Nascido em 1914 em Franca, no interior de São Paulo, Abdias do Nascimento é descendente de africanos escravizados e se destacou como intelectual e defensor da cultura africana, além de combater o racismo em diversas áreas, como na escrita, atuação, artes visuais, docência e política. Fundador do Teatro Experimental do Negro (TEN), Abdias permitiu que operários, empregadas domésticas e trabalhadores sem formação tivessem espaço para expressar suas habilidades artísticas. O TEN também teve um programa televisivo na extinta TV Tupi, abordando temas como cidadania e conscientização racial.
Em 1968, Abdias do Nascimento inaugurou o Museu da Arte Negra (MAN) no Museu de Imagem e do Som do Rio de Janeiro, no mesmo ano em que partiu para os Estados Unidos devido ao exílio. Lá, atuou como professor de culturas africanas no Novo Mundo na Universidade de Nova York e em outras instituições de ensino.
Após 13 anos de afastamento durante o regime autoritário brasileiro, Abdias retornou ao país e fundou o Instituto de Pesquisa e Estudos Afro-Brasileiros. Além disso, foi um dos responsáveis pela criação do Memorial Zumbi e participou da fundação do Movimento Negro Unificado contra o Racismo e a Discriminação Racial.
Abdias do Nascimento também teve atuação internacional, sendo consultor da Unesco e ocupando os cargos de deputado federal e senador. Após seu falecimento em 2011, aos 97 anos, suas cinzas foram depositadas na Serra da Barriga, em Alagoas, local que foi sede da República dos Palmares.
Com a inscrição de seu nome no Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, Abdias do Nascimento receberá o mesmo título de Herói da Pátria concedido ao líder quilombola Zumbi dos Palmares. Esta homenagem perpetuará a memória e legado de Abdias, reconhecendo sua importância na luta contra o racismo e na promoção da cultura afro-brasileira.
