Bispos africanos rejeitam bênçãos a casais homoafetivos aprovadas pelo Vaticano, considerando a prática inadequada e em contradição com o ethos cultural.

Os líderes religiosos da Igreja Católica na África criticaram a recente autorização do Vaticano para a bênção de casais homossexuais, classificando-a como “inadequada” para o contexto cultural do continente. A homossexualidade ainda é considerada ilegal em muitos países africanos, influenciados pelo conservadorismo religioso predominante, tanto no cristianismo quanto no islamismo.

O Vaticano anunciou no mês passado a permissão para a bênção de casais considerados “irregulares”, segundo os preceitos da Igreja, incluindo divorciados e pessoas do mesmo sexo, desde que realizada fora dos rituais litúrgicos. No entanto, isso desagradou aos bispos africanos, levando o Vaticano a esclarecer que não houve mudanças na doutrina e a enfatizar a necessidade de “prudência” em alguns países.

O Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar (SECAM) emitiu um comunicado em Acra, Gana, destacando que “A doutrina da Igreja sobre o casamento cristão e a sexualidade permanece inalterada”. O comunicado reforça a inadequação de abençoar uniões homossexuais na África e destaca que isso causaria confusão e estaria em contradição direta com o ethos cultural das comunidades africanas.

Desde sua eleição em 2013, o papa Francisco tem buscado abrir as portas da Igreja a todos os fiéis, incluindo a comunidade LGBTQ+, mas enfrenta resistência dos católicos mais conservadores. A tentativa de reforma da postura da Igreja em relação à diversidade sexual vem enfrentando resistência em vários setores, especialmente nos países africanos, onde a questão da homossexualidade é envolta em tabus culturais e religiosos.

A controvérsia em torno da bênção de casais homossexuais evidencia as divisões e contradições internas dentro da Igreja Católica, que busca equilibrar sua doutrina com a evolução dos valores sociais e culturais. A postura dos bispos africanos reflete a resistência a essa mudança por parte de setores tradicionais da Igreja em diferentes regiões do mundo.

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