O objetivo do ato era libertar a coca do estigma que a relaciona com o narcotráfico e apresentá-la como uma planta importante para a cultura e economia da Bolívia. Durante o Dia do “Acullico” (ato de mascar coca, em quéchua), Arce fez um discurso prometendo intensificar o uso da planta na medicina e na produção de diversos produtos, como bebidas, gomas de mascar, sabões e alfajores.
A tradição de mascar folha de coca na Bolívia é antiga e acredita-se que essa prática pode atenuar a fome e o cansaço. Segundo Mery Villalba, líder dos cocaleros, a coca é consumida diariamente em todo o país, inclusive por pessoas da classe média. Entretanto, desde 1961, a folha de coca é considerada uma substância controlada devido ao seu uso na produção de cocaína.
Em 2013, a Bolívia aderiu às convenções internacionais contra as drogas com a condição de permitir o ato de mascar coca com fins ancestrais e medicinais em seu território. A Lei da Coca permite o cultivo de 20 mil hectares para consumo interno com fins legais, mas, de acordo com relatório da UNODC, a área cultivada chega a quase 30 mil hectares, o que alimenta o narcotráfico.
Um dos líderes indígenas do país, e ex-presidente, Evo Morales, tem criticado o governo, afirmando que ele protege o narcotráfico. Apesar disso, Arce e seus aliados buscam intensificar a campanha internacional para desclassificar a folha de coca como narcótico, na tentativa de reconhecer a importância cultural e econômica dessa planta para a Bolívia.
O ato de mascar folha de coca foi marcado por manifestações pacíficas e pela presença de diversas pessoas que apoiam a iniciativa de retirar o estigma negativo que paira sobre essa planta. A Bolívia busca, assim, valorizar as tradições indígenas e mostrar ao mundo as múltiplas utilidades e benefícios da coca para a sociedade boliviana.
