Repórter Recife – PE – Brasil

Presidente Daniel Noboa encara crise em meio a motins carcerários, fugas de chefões do crime e ataques a jornalistas.

O presidente Daniel Noboa enfrenta sua primeira crise desde domingo, quando grupos de criminosos e traficantes de drogas responderam com violência às suas advertências. As retaliações incluíram motins carcerários, a retenção de mais de 100 membros da força pública pelos presos, a fuga de dois chefões do crime, ataques a jornalistas, explosões e um rastro de sangue que deixou pelo menos dez mortos.

Filho de um magnata da produção de banana, nascido nos Estados Unidos e formado em prestigiadas universidades estrangeiras, o novo presidente se define de centro-esquerda, embora tenha o apoio de forças de direita. Noboa é ativo no Instagram, é “sommelier”, entende de música, tentou ser vegetariano, coleciona pimentas e é apaixonado por carros e cavalos. Ele evita o espetáculo nos palanques, coletivas de imprensa e entrevistas, mas distribui abraços e “selfies” em seu Instagram.

Durante a campanha, ele obteve apoio usando um colete à prova de balas e apresentando um discurso de pulso firme contra o narcotráfico, após o assassinato a tiros do presidenciável Fernando Villavicencio. Ele também denunciou ameaças e revelou que estava consciente da possibilidade de ser morto.

Noboa é herdeiro de uma fortuna e capital político do seu pai, Álvaro Noboa, um dos homens mais ricos do Equador. Ele rompeu a sequência de derrotas de seu pai, que concorreu cinco vezes à presidência sem sucesso. Seu triunfo foi um revés para o ex-presidente socialista Rafael Correa, que é padrinho político de Luisa González, a rival de Noboa no segundo turno.

O novo presidente se comprometeu a deter o derramamento de sangue no país, que teve 2023 como seu ano mais violento, com cerca de 7.800 homicídios e uma taxa de assassinatos superior a 40 para cada 100.000 habitantes.

Noboa chegou ao poder em um momento em que o Equador estava castigado pela violência e ansiava por mudanças, embora ele tivesse apenas ocupado o cargo de congressista por um breve período. Durante esse tempo, foi questionado por um suposto conflito de interesse ao financiar de seu próprio bolso a viagem de sete deputados à Rússia, um dos principais destinos da banana produzida pela empresa de sua família. Seus inimigos também o acusam de evasão de impostos.

Seu projeto mais comentado para reduzir a violência é o de criar barcos-prisões e penitenciárias no meio da selva para isolar os reclusos de suas redes criminais. Ele pediu para a população apoiar seu governo em um estado de guerra, destacando que o país enfrenta grupos terroristas e que a onda de violência não é um acidente.

Noboa estudou administração de empresas na Universidade de Nova York e administração pública na Harvard Kennedy School. Ele também tem pós-graduação em Governança e Comunicação Política na Universidade George Washington.

Ele é casado com Lavinia Valbonesi, uma “influencer” em temas de nutrição, com quem tem um filho de dois anos e espera outro. De seu primeiro casamento, tem uma filha de quatro anos. Aos 18 anos, Noboa criou sua primeira empresa dedicada à produção de eventos e depois vinculou-se à Corporação Noboa, a grande empresa familiar, como diretor das áreas comercial e de transporte naval.

Noboa governará por 18 meses, até completar o mandato de quatro anos de seu antecessor Guillermo Lasso, que dissolveu o Congresso e abriu o caminho para eleições antecipadas para escapar de um processo de impeachment por corrupção.

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