No formulário disponível, o CFM afirma que está conduzindo a pesquisa “para entender a percepção dos médicos brasileiros” sobre a obrigatoriedade da imunização de crianças, e ressalta que a opinião dos profissionais “é fundamental para enriquecer a análise e contribuir para a tomada de decisões futuras”.
No entanto, a SBIm contesta a pesquisa, alegando que ela equipara as crenças pessoais dos médicos à ciência, o que pode gerar insegurança na comunidade médica e afastar a população das salas de vacinação. A entidade defende que a pesquisa realizada pelo CFM não trará nenhum benefício à sociedade.
Além disso, a SBIM destaca a gravidade da situação, lembrando que a covid-19 foi responsável por 5.310 casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) e 135 mortes entre crianças menores de 5 anos no Brasil em 2023, de acordo com o último boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que reúne dados até novembro. A sociedade também ressalta que a vacinação contra a covid-19 é uma estratégia comprovadamente eficaz e segura para a prevenção da doença, que também pode ser fatal entre crianças.
A segurança da vacina é reforçada pelo último boletim de monitoramento de Eventos Supostamente Atribuíveis à Vacinação e à Imunização (Esavi) publicado pelo Ministério da Saúde, que revela que a grande maioria dos eventos adversos foram leves ou moderados.
Por fim, a SBIM argumenta que o Brasil dispõe de dispositivos legais que estabelecem a obrigatoriedade da vacinação de menores de 18 anos, e destaca que a opinião dos médicos sobre a obrigatoriedade da vacinação de crianças pode prejudicar a adesão da população à vacinação.
A Agência Brasil solicitou um posicionamento ao CFM sobre as críticas recebidas, mas até o fechamento desta reportagem, não obteve resposta. A pesquisa e a polêmica relacionada à opinião dos médicos sobre a obrigatoriedade da vacinação de crianças continuam a gerar debate no cenário da saúde pública brasileira.
