Brincadeiras africanas e afro-brasileiras são registradas em catálogo pedagógico para escolas do Brasil e países lusófonos.

As brincadeiras infantis são uma parte fundamental do desenvolvimento das crianças, permitindo que elas explorem sua criatividade, habilidades sociais e físicas. Por isso, é interessante observar como esses passatempos podem variar de cultura para cultura, evidenciando o valor das tradições locais.

No Brasil, o esconde-esconde ou pique-esconde é uma brincadeira muito popular entre as crianças, mas esses passatempos também divertem crianças em diferentes países africanos, como Angola, Moçambique e São Tomé e Príncipe. Além disso, um jogo pouco conhecido chamado Nguec, de origem na Guiné Equatorial, consiste em marcar pontos acertando um fruto da árvore Anguec com uma vara. Essas são apenas algumas das mais de 100 brincadeiras registradas, tanto no Brasil quanto em seis países africanos que falam português, como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe.

Com o intuito de resgatar e promover as tradições culturais, as pesquisadoras Helen Pinto, Luciana Soares da Silva e Míghian Danae organizaram o Catálogo de Jogos e Brincadeiras Africanas e Afro-Brasileiras. Este livro, disponível em versão digital, oferece subsídios valiosos para educadores que buscam implementar as diretrizes estabelecidas pela Lei 10.639, que tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas.

A pedagoga Míghian Danae, que colaborou com o projeto, enfatiza a importância de enxergar as brincadeiras como artefatos culturais, expressões dos valores de uma sociedade. Dentro desse contexto, ela destaca a necessidade de praticar a educação a partir das relações étnico-raciais, valorizando a cultura africana e afro-brasileira. Através do Catálogo de Jogos e Brincadeiras, a criança tem a oportunidade de vincular as brincadeiras a um lugar geográfico, político, social e histórico, estabelecendo relações com o Brasil.

Com o apoio do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert) e do Itaú Social, o projeto buscou a divulgação em escolas e associações do movimento negro em diferentes regiões do Brasil. A iniciativa originou ainda um segundo livro, intitulado “Na Escola se Brinca! Brincadeiras das Crianças Quilombolas na Educação Infantil”, baseado em duas comunidades localizadas na Bahia.

As autoras destacam que as brincadeiras foram cuidadosamente selecionadas para reafirmar valores importantes, além de retratar os modos de ser e fazer das crianças quilombolas. A proposta é oferecer às crianças o direito de conhecer e celebrar a diversidade, algo essencial para estabelecer relações sociais de reciprocidade e respeito. Portanto, a combinação entre teoria e prática é fundamental para que esse debate seja eficiente e esvaziado de estereótipos.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo