Desde outubro de 2023, o canal vem arrecadando US$ 100 milhões (R$ 493 milhões) a menos em pedágios a cada mês, uma queda que, de acordo com Vásquez, representa um impacto significativo nas finanças do canal. No entanto, a administração do canal acredita que, por meio de mudanças nas cobranças, será possível alcançar as receitas projetadas para o ano fiscal, totalizando US$ 4,776 bilhões (R$ 23,53 bilhões).
A situação é decorrente da falta de chuvas devido ao fenômeno El Niño, agravada pelo problema do aquecimento global, o que resultou na diminuição do nível de água dos lagos artificiais de Gatún e Alhajuela, ao norte do Panamá. Como parte das medidas para contornar a situação, a passagem de embarcações foi reduzida de 40 para 24 e o calado dos navios foi diminuído, o que significa que eles conseguem carregar menos carga.
Além disso, as empresas de navegação têm desembolsado valores mais altos para obter as cotas leiloadas pelo Canal do Panamá para a passagem de embarcações, exemplificada por uma embarcação que chegou a pagar US$ 4 milhões (R$ 19,7 milhões) por uma dessas cotas. No entanto, no ano fiscal de 2023, o Canal do Panamá alcançou uma arrecadação de US$ 3,344 bilhões (R$ 16,47 bilhões) com a passagem de embarcações e a prestação de vários serviços, valor recorde que redirecionou US$ 2,544 bilhões (R$ 12,53 bilhões) ao Tesouro Nacional.
O Canal do Panamá é uma via estratégica para o comércio marítimo mundial, por onde passam 6% das transações do setor. Com 80 km de extensão, a via liga o Oceano Pacífico ao Mar do Caribe e tem como principais usuários os Estados Unidos, China e Japão. A expectativa é de que a questão da escassez de água e suas consequências continue a ter impactos significativos na operação e nas finanças do canal nos próximos anos.