Descobertos vestígios horripilantes que evidenciam a prática dos “voos da morte” durante a ditadura de Pinochet no Chile.

Em exposição no Museu da Memória em Santiago, Chile, um pedaço de trilho oxidado amarrado a corpos executados durante a ditadura de Augusto Pinochet, é a misteriosa prova de uma prática inescrupulosa para eliminar opositores políticos. Com cerca de 110 centímetros, o pedaço de metal é apenas uma amostra do que foi um sistema cruel de extermínio, onde as vítimas eram atadas a pedaços de ferro e lançadas ao mar em voos da morte.

A descoberta desses elementos macabros, incluindo uma corda manchada de ferrugem e um parafuso de 13 centímetros, foi possível graças a uma denúncia confidencial de um militar, que possibilitou a localização dos objetos no fundo do mar chileno em 2013. A investigação aponta que tais elementos estão relacionados ao episódio de Copiapó, resultado da Caravana da Morte, um dos casos mais emblemáticos dos crimes cometidos pela ditadura de Pinochet.

Essa operação, realizada após o golpe de Estado em 1973 que derrubou o governo do socialista Salvador Allende, resultou na execução ou desaparecimento forçado de 93 prisioneiros políticos. Apesar de 48 militares terem sido processados e 27 condenados, incluindo Pinochet e o General Arellano, o trilho, a corda e o parafuso são partes do “caderno reservado” da investigação, ainda obscuros em relação ao caso específico ao qual estão vinculados.

O achado desses elementos é um marco expressivo para a memória do país e a luta pelos direitos humanos, sendo por isso que foram entregues ao Museu da Memória por determinação do juiz Mario Carroza, coordenador nacional dos casos de violações aos direitos humanos e membro da Suprema Corte. Para os familiares das vítimas e ativistas, esses vestígios têm um significado histórico e simbólico, sendo uma prova palpável e comovente de uma das políticas mais cruéis e desumanas perpetradas pela ditadura de Pinochet.

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