Seca no Canal do Panamá ameaça operações e futuro do comércio marítimo mundial, com consequências globais.

No Panamá, crise hídrica abala funcionamento do Canal, principal rota de comércio mundial

A contadora peruana Kathia Chávez visitava o Canal do Panamá, deslumbrada com o gigantesco navio de cruzeiro que observava ao fundo. Sob um sol escaldante, ela sorria, sem se importar ou mesmo perceber a crise enfrentada pela via fluvial mais importante do mundo, culpa da seca que assola o país e atinge a região.

Artigos relacionados

A ausência de chuvas, associada ao El Niño e ao aquecimento global, resultou na necessidade de reduzir o tráfego pelo canal, além de diminuir o calado das embarcações. A diminuição da capacidade de carga acaba por impactar o comércio e a economia, já que 6% do comércio marítimo mundial passa por esta rota, da qual dependem países como Estados Unidos, China e Japão.

O Canal do Panamá é abastecido pelos lagos artificiais de Gatún, e apesar de ter sido inaugurado em 1914, nunca enfrentou uma crise comparável a esta. O ano passado foi o segundo mais seco da história do canal, e as previsões não são otimistas para o futuro próximo. A falta de chuvas pode se estender até pelo menos o mês de maio, o que dificulta ainda mais a situação.

A situação exige ação imediata, e embora sejam elaborados planos paliativos para economizar água, um plano de longo prazo envolvendo a realocação de comunidades ainda não foi iniciado. Um governo eleito em junho decidirá o rumo do canal, mas com as dificuldades de mercado já evidentes, algumas companhias marítimas têm buscado rotas alternativas. A empresa dinamarquesa Maersk, por exemplo, já anunciou que começará a evitar o canal em algumas de suas rotas.

O plano de ampliação e modernização do canal, promovido desde 2017, ainda não foi posto em prática, mas urge a necessidade de ação rápida. O ex-administrador da rota panamenha, Jorge Quijano, adverte que “as pessoas estão buscando outras alternativas. Não há tantos navios cargueiros que queiram passar pelo canal, porque não há reservas para transitar”.

Em meio à crise, a ameaça de um impacto significativo na economia global é cada vez mais plausível, e a responsabilidade do governo em desempenhar um papel crucial na resolução desse impasse é inquestionável. É preciso agir agora, caso contrário, as consequências poderão ser desastrosas para o comércio mundial.

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo