Conselho Regional de Medicina de Pernambuco interdita Hospital Barão de Lucena por graves problemas estruturais e de abastecimento.

O Conselho Regional de Medicina de Pernambuco (Cremepe) tomou uma decisão importantíssima na noite dessa quinta-feira (18), ao interditar os serviços do Hospital Barão de Lucena (HBL), que está localizado no bairro da Iputinga, na Zona Oeste do Recife. A interdição ocorreu após uma vistoria no local que constatou sérios problemas, incluindo desabastecimento grave de medicamentos e insumos básicos.

A decisão de interditar parcialmente o hospital suspende o trabalho médico nos internamentos para cirurgias eletivas programáveis, com exceção das oncológicas, para pacientes com câncer. Com esta medida, todas as cirurgias que possam ser adiadas ou transferidas para outras instituições devem ser encaminhadas para outros hospitais. As demais operações devem ser previamente notificadas ao Cremepe, juntamente com as justificativas para a realização.

Condições de trabalho precárias também foram identificadas, incluindo relatos de cotas para compras de medicamentos. O presidente do Cremepe, Mário Jorge Lôbo, compartilhou: “Conversamos com pacientes e identificamos diversas irregularidades. Dentre elas, estava a falta de antibióticos e de medicamentos básicos. Isso demonstra uma fragilidade enorme da unidade médica. Também nos foi relatada a existência de uma cota de médicos para a compra de medicamentos para os pacientes do SUS. De acordo com o corpo clínico da unidade, isso era rotina. Segundos alguns pacientes, eles mesmos chegavam a comprar medicamentos para tratamento no hospital”.

Ele também apontou que a rotatividade na gestão do hospital pode ter contribuído para a situação crítica em que o hospital se encontrou. No entanto, o Cremepe já havia notificado a diretoria do hospital em dezembro passado, oferecendo um prazo de 30 dias para solucionar os problemas. Após nova visita, as medidas não teriam sido suficientes, resultando na interdição.

A Secretaria de Saúde de Pernambuco e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) foram notificados pelo Cremepe e terão 15 dias para verificar se os problemas persistem após a interdição. O presidente do Cremepe alertou que a interdição inicial tem um prazo de 30 dias, mas este período pode ser aumentado caso as questões não sejam resolvidas.

Além disso, relatos de angústia foram compartilhados, com casos de médicos pagando pelas próprias biopsias e a falta de tubos de respiração para recém-nascidos. Até mesmo os pacientes se queixaram da grande fila e da falta de vagas para agendamento. O Cremepe ainda ressaltou que nenhum outro hospital fiscalizado apresentou problemas de estrutura tão graves quanto o Hospital Barão de Lucena.

Diante desta situação lamentável, a Folha de Pernambuco entrou em contato com a Secretaria de Saúde de Pernambuco em busca de esclarecimentos. Aguardemos por mais informações sobre este grave cenário que envolve a saúde pública no Estado de Pernambuco.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo