Um exemplo dessa dualidade entre tradição e ciência é Nayane Cristina, uma parteira que atua no SUS em Brasília. Para ela, a atividade de parteira era seu chamado desde os 4 anos de idade, inspirada pelas histórias da avó, que teve oito partos em casa. A construção de sua carreira passou pela faculdade de enfermagem e pela residência em obstetrícia.
A assistência ao parto por enfermeiras obstetras está prevista em lei desde 1986, e a atuação das parteiras acontece em diferentes cenários, como hospitais, em casa ou em casas de parto, contribuindo de forma significativa para a redução das taxas de cesariana. Um exemplo é a região administrativa de São Sebastião, no Distrito Federal, onde 13 parteiras assistem, em média, 37 partos por mês, seguindo um modelo respeitoso de atendimento.
Além disso, casos como o da psicóloga Marília Tomé, que teve os dois partos assistidos por parteiras, refletem a busca por um parto com mais autonomia e menos intervenções. O apoio das parteiras em todas as fases desse início do maternal foi fundamental para ela, evidenciando a importância do acompanhamento das parteiras em gestações de baixo risco.
Porém, é essencial ressaltar que a escolha pelo acompanhamento com parteiras não exclui o papel dos médicos na gestação. As parteiras atuam munindo as gestantes de informações, considerando a autonomia das mulheres. A médica obstetra Monique Novacek destaca que mulheres que contam com esse duplo cuidado chegam mais preparadas para o parto.
No Brasil, as parteiras tradicionais, que aprenderam o ofício de forma oral, continuam a amparar as crianças, nas mãos modernas das mulheres que atendem a esse chamado. Dessa forma, a tradição e a ciência se complementam para garantir um acompanhamento seguro e respeitoso às gestantes durante o parto.