Pelo terceiro dia consecutivo, centenas de milhares de cidadãos alemães saíram às ruas em grandes cidades do país no domingo para protestar contra o partido de ultradireita AfD (Alternativa para a Alemanha), em uma mobilização de magnitude sem precedentes. Os protestos ganharam força após a revelação de que membros da sigla discutiram planos de deportação em uma reunião de extremistas. Cerca de cem manifestações reuniram mais de 1,4 milhão de pessoas desde sexta-feira, segundo a organização Friday for Future e a aliança cidadã Campact, que estão entre os organizadores do movimento.
Na capital alemã Berlim, centenas de milhares de pessoas deram vazão à sua insatisfação com o partido de ultradireita. Em meio à escuridão da noite, os pontos luminosos dos celulares de milhares de manifestantes apontaram para o céu na esplanada do Palácio do Reichstag, o Parlamento alemão. Segundo a polícia, cerca de 100 mil pessoas participaram da marcha, enquanto os organizadores afirmam que foram 350 mil.
Os atos, que foram registrados em cerca de 40 cidades alemãs, contaram com cartazes com frases como “Fora, nazistas” e “Nunca mais, este é o momento”. O contingente tão expressivo em Munique forçou a interrupção da marcha, com a justificativa de que a polícia não poderia garantir a segurança.
Dresden, capital da Saxônia, e reduto da AfD, teve a presença de um grande número de participantes, segundo a polícia local, enquanto em Colônia e Bremen, os manifestantes também se fizeram presentes em massa. No total, os protestos reuniram mais de 250 mil pessoas em todo o país no sábado, com altas concentrações principalmente no leste alemão, onde o apoio à sigla é mais forte.
Os protestos eclodiram após a organização de jornalismo investigativo Correctiv revelar, em 10 de janeiro, que a reunião secreta realizada em novembro por extremistas de direita em Potsdam discutiu um projeto de expulsão em massa de imigrantes, solicitantes de asilo, e cidadãos alemães “não assimilados”. Diversos membros da AfD, neo-nazistas e empresários compareceram ao evento, comparado à horrível conferência de Wannsee em 1942, na qual o regime nazista planejou o extermínio dos judeus europeus.
