Nega Pataxó, irmã do cacique Nailton Muniz Pataxó, do povo indígena Pataxó-hã-hã-hãe, é assassinada em conflito agrário na Bahia.

Um conflito entre indígenas, policiais militares e fazendeiros resultou em morte, feridos e prisões no território Caramuru, no município de Potiraguá, no extremo sul da Bahia. Nega Pataxó, irmã do cacique Nailton Muniz Pataxó, do povo indígena Pataxó-hã-hã-hãe, foi assassinada na tarde de hoje (21), de acordo com a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

Além de Nega Pataxó, o cacique e outra liderança indígena também foram baleados. O estado de saúde deles ainda não foi informado. Outras pessoas foram espancadas, uma mulher teve o braço quebrado e outras foram hospitalizadas, mas sem gravidade. Dois fazendeiros foram presos por porte ilegal de arma.

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Segundo a Apib, a retomada de uma fazenda por parte dos indígenas como parte do território Caramuru começou na madrugada de ontem (20). Após mobilização dos ruralistas da região pelo WhatsApp, os indígenas foram cercados por homens que chegaram ao local com dezenas de caminhonetes. Os fazendeiros e comerciantes foram convocados para realizar a reintegração de posse da fazenda com as próprias mãos.

“A região enfrenta os desmandos de fazendeiros invasores que se dizem proprietários das terras tradicionais e acusam o povo de ser ‘falso índio’. A aprovação do marco temporal acentua a intransigência dos invasores, que se sentem autorizados a praticar todo tipo de violência contra as pessoas”, critica a Apib.

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um dos feridos no chão, cercado pelo grupo de ruralistas comemorando a ação violenta, narra a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil. Policiais, informou a Apib, teriam participado dessa violência contra os indígenas.

“Exigimos acompanhamento das autoridades e apuração do caso. Reiteramos que a demarcação das terras indígenas é o único caminho para amenizar a escalada de violência que atinge os povos da região sul da Bahia”, disse a Apib, por meio de nota.

A Agência Brasil tentou contato por e-mail com o Departamento de Comunicação Social da Polícia Militar da Bahia, mas não teve retorno até o fechamento dessa reportagem.

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