Na última sexta-feira, Ângelo Ventura Siqueira, de 50 anos, foi preso por estupro de vulnerável e violação mediante fraude, crimes praticados entre 2010 e 2021. O caso chocou a comunidade de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, onde o acusado era pastor da igreja Ministério Terra do Deus Vivo. A prisão foi feita pela Delegacia da Mulher de São Gonçalo, que está investigando o caso.
De acordo com as investigações, três vítimas procuraram a polícia para denunciar o pastor. Elas contaram como eram atraídas e violentadas por Ângelo, que usava a fé como forma de mantê-las em silêncio. A partir dos depoimentos, a polícia percebeu que as vítimas são mulheres jovens, de 20 a 40 anos, que em sua maioria cresceram em lares sem a presença de um pai ou têm uma relação fragilizada com a família.
O pastor se aproveitava da vulnerabilidade dessas mulheres para se apresentar como um “paistor” — uma mistura de pai com pastor —, interessado em ajudá-las a se estruturar emocionalmente e sendo a figura masculina que faltou em suas vidas. Segundo as vítimas, ele afirmava ter por elas o “carinho de um pai”, justificando os abusos como ensinamentos paternos. Além disso, ele as proibia de contestá-lo, usando a doutrina evangélica como forma de convencê-las de que os crimes não eram pecados.
As mulheres relataram que Ângelo as atraía para a casa dele, para a igreja e outros lugares, como lanchonetes, shoppings centers, montes, praias (em horários noturnos) e até mesmo no carro dele, alegando que eram encontros de gabinete pastoral. Ele usava, em alguns casos, de embriaguez para violentá-las, oferecendo vinho e conduzindo-as para motéis em estado de embriaguez.
Segundo as investigações, outras vítimas serão ouvidas nas próximas semanas. Este caso levanta questões importantes sobre a vulnerabilidade das mulheres e o abuso de poder por parte de pessoas em posição de autoridade, como líderes religiosos. A prisão de Ângelo Ventura Siqueira é um alerta para a necessidade de conscientização e proteção das vítimas de abuso, especialmente nas comunidades mais vulneráveis.