Em uma fala durante um seminário realizado na Câmara Municipal de Brumadinho, o delegado informou que a Vale enganou os trabalhadores ao apresentar falsos padrões para evacuação. Durante a simulação, a empresa orientou as pessoas a caminharem calmamente até o ponto de encontro após o toque da sirene, indicando um intervalo de tempo de 8 a 15 minutos. No entanto, a Vale estava ciente de que a sirene não funcionava e que, na verdade, as pessoas teriam menos de um minuto para se salvar. Campidelli acusa a Vale de cometer homicídios e de tornar impossível a defesa das vítimas.
Além disso, Campidelli mencionou que a Vale fez grandes esforços para matar as pessoas em Brumadinho, contribuindo ainda mais para a tragédia. A avalanche resultante do rompimento da barragem soterrou 270 pessoas, a maioria trabalhadores da própria Vale ou de empresas terceirizadas que prestavam serviço na mina. A Associação dos Familiares de Vítimas e Atingidos do Rompimento da Barragem em Brumadinho (Avabrum) contabilizou 272 vidas perdidas, incluindo dois bebês de mulheres grávidas.
As investigações da Polícia Federal foram as últimas a serem concluídas, com o indiciamento de 19 pessoas, incluindo 16 listadas na denúncia do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), acrescidas de mais três. O inquérito foi encerrado em novembro de 2021, mas a íntegra do relatório final e os nomes permanecem em sigilo.
Campidelli também criticou a forma como a barragem foi auditada, comparando o processo de auditoria à escolha de clínicas para renovação de carteiras de habilitação. Ele reforçou que o relatório final do inquérito da PF foi encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF), que decidirá se levará à justiça uma denúncia com base nele.
Em resposta, a Vale afirmou que colaborou com as autoridades desde o início das investigações e continuará colaborando, reafirmando seu respeito às famílias impactadas e compromisso com a reparação dos danos causados pela tragédia.
