Mudanças Climáticas serão a causa principal da maior seca da Amazônia em 2023, revela estudo

Um estudo divulgado recentemente pela World Weather Attribution (WWA) revelou que as mudanças climáticas, e não o El Niño, foram a principal causa da seca histórica da Amazônia em 2023. De acordo com o estudo, as mudanças climáticas tornaram a seca até 30 vezes mais provável no período de junho a novembro, com impacto em vários países da região amazônica, incluindo Brasil, Peru, Bolívia, Colômbia, Venezuela e Equador.

O estado do Amazonas foi um dos mais afetados pela seca, que foi considerada a pior da história no Rio Negro e uma das mais severas já registradas em toda a região amazônica. O calor e a estiagem extremos reduziram os rios da região a filetes d’água, causaram espalharam doenças e fome, isolaram milhões de pessoas e devastaram a fauna aquática.

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Embora o El Niño seja frequentemente associado a períodos de seca na Amazônia, o estudo apontou que um evento extremo de seca e calor afetou quase toda a região em 2023. Além disso, a análise mostrou que as condições para a seca começaram antes do El Niño e se espalharam por uma área fora da influência do fenômeno climático.

Segundo os pesquisadores, o aumento das temperaturas na atmosfera foi o fator determinante para a seca, uma vez que as temperaturas elevadas aumentaram a evaporação e esgotaram a umidade do solo e da vegetação. Além disso, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), que é um canal de umidade do oceano para a floresta, não se formou no início do ano passado, contribuindo para a seca recorde.

Os cientistas alertaram que as mudanças climáticas e o desmatamento estão alterando significativamente um dos ecossistemas mais importantes da Terra, e que, se as emissões de gases-estufa continuarem a crescer, a frequência de secas extremas na Amazônia poderá aumentar ainda mais.

Os resultados do estudo foram obtidos por meio de análises numéricas realizadas por 18 cientistas de países como Brasil, Reino Unido, Holanda e Estados Unidos. A rede já realizou mais de 60 estudos de extremos no mundo e tem seus dados usados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC).

Além disso, o estudo investigou dois tipos de seca: a seca agrícola, que foi tornada 30 vezes mais provável pelas mudanças climáticas, e a seca meteorológica, que teve uma probabilidade 10 vezes maior. Esses resultados evidenciam a fragilidade da Amazônia diante das alterações climáticas e do desmatamento, reforçando a importância urgente de ações para a preservação desse ecossistema singular.

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