De acordo com a Polícia Federal, o uso do drone para sobrevoar a casa de Santana no Ceará reforça as condutas ilegais que vinham sendo cometidas por integrantes da Abin. Paulo Magno, que era o gestor do programa de monitoramento do programa FirstMile, foi flagrado pilotando o equipamento nas proximidades da residência do então governador do Ceará, o que, segundo a PF, comprova a total ilicitude das condutas. O monitoramento da residência de Santana teria ocorrido em 2021. No entanto, Magno não retornou aos contatos quando procurado para comentar o caso.
A Polícia Federal argumentou em seu relatório enviado a Moraes que não havia “artefatos motivadores” para o monitoramento de Santana. Segundo a PF, a ação de monitorar o então governador do Ceará com drones não seria uma operação de inteligência, devido à ausência dos artefatos, mas uma “simples ação de inteligência de acompanhamento”.
Essa revelação veio à tona após a notícia de que a Abin utilizou um programa secreto chamado FirstMile para monitorar a localização de pessoas pré-determinadas por meio de seus celulares durante a gestão de Jair Bolsonaro. Após a publicação dessa reportagem em março, a PF abriu um inquérito e identificou que a ferramenta foi utilizada para monitorar políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo.
A ferramenta, que foi produzida pela empresa israelense Cognyte (ex-Verint), era operada, sem qualquer controle formal de acesso, pela equipe de operações da agência de inteligência. Tanto o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, quanto a Agência Brasileira de Inteligência não se pronunciaram sobre o assunto quando procurados.
Essas revelações causaram preocupação e indignação, uma vez que levantam questões sobre os limites e a legalidade das atividades de inteligência realizadas pelo governo. A utilização indevida de recursos tecnológicos para espionagem de autoridades e cidadãos comuns é uma violação grave da privacidade e dos direitos individuais. Resta saber qual será a repercussão dessas informações e se haverá consequências para os responsáveis por essas práticas.