Fenaj publica relatório sobre a violência contra jornalistas e liberdade de imprensa, revelando queda de 51,86% nos ataques em 2023.

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) divulgou nesta quinta-feira (25) o relatório completo da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa. O documento traz informações detalhadas sobre os tipos de agressão, diferenças por gênero e estado, além dos principais agressores.

Segundo a presidente da Fenaj, Samira de Castro, mudanças em dois tipos de agressão foram cruciais para a redução dos casos em 2023. Ela destacou que a queda da categoria “descredibilização da imprensa”, estratégia adotada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro durante seu governo, foi responsável por uma redução de 91,95%. Outro fator determinante foi a diminuição da censura em 91,53%, atribuída à mudança de comando na Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

O relatório revelou que, de 2019 a 2022, Bolsonaro foi responsável por 570 ataques contra veículos de comunicação e jornalistas, o que indica uma “violência verdadeiramente institucionalizada”. No entanto, é importante ressaltar que, apesar da redução geral, o número de casos de violência ainda é alto no país.

O relatório aponta que, em 2023, a descredibilização da imprensa e a censura deixaram de figurar entre os cinco primeiros tipos de agressão, enquanto ameaças, hostilizações e intimidações lideraram a lista, com 42 casos. Além disso, o número de casos de violência contra jornalistas apresentou variação significativa entre os diferentes tipos de mídia, com destaque para agressões verbais e ataques virtuais (27 casos) e cerceamento à liberdade de imprensa por ações judiciais (25).

No que se refere aos principais agressores, políticos, assessores e parentes lideraram a lista, com 44 casos, seguidos por manifestantes de extrema-direita, populares, policiais civis e militares, entre outros. Em relação aos gêneros, homens foram vítimas em 179 casos, mulheres em 66, e 17 não identificaram seu gênero.

A presidente da Fenaj ressaltou que a sociedade brasileira precisa compreender que a violência contra os jornalistas é um ataque à democracia. Ela destacou um caso específico em 8 de janeiro, quando vários jornalistas foram agredidos em Brasília, o que evidenciou a tentativa da extrema-direita de calar a imprensa e os profissionais jornalísticos.

Por fim, o relatório apontou que os maiores números de casos foram identificados nas regiões Sudeste e Nordeste, enquanto os estados mais afetados foram Distrito Federal, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Este documento, portanto, representa uma importante análise dos desafios enfrentados pelos jornalistas no Brasil e reforça a necessidade de atenção e medidas para garantir a liberdade de imprensa e a segurança dos profissionais da área.

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