Há 40 anos, multidão se reúne na Praça da Sé pelo voto direto para presidente da República em comício histórico.

No dia 25 de janeiro de 1984, um marco histórico aconteceu na Praça da Sé, no centro de São Paulo. Mais de 300 mil pessoas se reuniram em um comício que ficou marcado como símbolo da luta pela democracia no Brasil. Esse evento deu visibilidade à campanha Diretas Já!, que buscava a implementação do voto direto para presidente da República, desafiando a ditadura civil-militar que se estendia desde 1964.

A campanha Diretas Já! foi iniciada em 1983, a partir da proposta de emenda constitucional apresentada pelo deputado Dante de Oliveira, que visava alterar o sistema de eleição instituído pelos militares. O movimento contou com amplo apoio de políticos, artistas, esportistas, trabalhadores e diversas instituições, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), refletindo a amplitude da mobilização da sociedade brasileira.

A primeira proposta de mudança foi derrotada em 1984, mas ficaram bases sólidas para a democracia, com a força do movimento Diretas Já! influenciando a transição para o fim da ditadura. O ex-vereador e ex-deputado estadual de São Paulo, Adriano Diogo, foi um dos principais envolvidos na mobilização e lembra a importância do movimento em um momento histórico crucial para o país.

Além do aspecto político, a campanha envolveu diferentes setores da sociedade, como o esporte. O ex-diretor de futebol do Corinthians, Adilson Monteiro Alves, foi um dos responsáveis por criar a “Democracia Corinthiana”. O movimento teve impacto significativo na conscientização política dos jogadores e ajudou a engrossar a campanha pelas Diretas Já.

A mobilização também contou com a presença da professora de história Mary Zanin, que estava presente no comício de janeiro de 1984. Ela descreveu a grandiosidade do ato e o envolvimento de sindicatos, trabalhadores e partidos políticos, ressaltando que a busca pela democracia crescia junto com as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país. Para ela, ter feito parte da conquista do direito ao voto para presidente é motivo de orgulho e emoção.

A jornalista Rosana Córnea, que participou dos comícios de janeiro e abril de 1984, destaca a importância desse período para sua formação profissional e como cidadã. Ressalta que a mobilização não era apenas da esquerda, mas envolveu pessoas de diferentes segmentos da sociedade que acreditavam na importância do exercício da democracia.

Ao relembrar esse período, Rosana destaca a necessidade contínua de lutar pela democracia, especialmente diante das ameaças que esse sistema enfrenta atualmente no Brasil e em vários países ao redor do mundo. O movimento Diretas Já! não apenas marcou a luta pela democracia no Brasil, mas também deixou um legado de engajamento cívico e consciência política para as futuras gerações.

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