A campanha Diretas Já! foi iniciada em 1983, a partir da proposta de emenda constitucional apresentada pelo deputado Dante de Oliveira, que visava alterar o sistema de eleição instituído pelos militares. O movimento contou com amplo apoio de políticos, artistas, esportistas, trabalhadores e diversas instituições, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a União Nacional dos Estudantes (UNE), a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT), refletindo a amplitude da mobilização da sociedade brasileira.
A primeira proposta de mudança foi derrotada em 1984, mas ficaram bases sólidas para a democracia, com a força do movimento Diretas Já! influenciando a transição para o fim da ditadura. O ex-vereador e ex-deputado estadual de São Paulo, Adriano Diogo, foi um dos principais envolvidos na mobilização e lembra a importância do movimento em um momento histórico crucial para o país.
Além do aspecto político, a campanha envolveu diferentes setores da sociedade, como o esporte. O ex-diretor de futebol do Corinthians, Adilson Monteiro Alves, foi um dos responsáveis por criar a “Democracia Corinthiana”. O movimento teve impacto significativo na conscientização política dos jogadores e ajudou a engrossar a campanha pelas Diretas Já.
A mobilização também contou com a presença da professora de história Mary Zanin, que estava presente no comício de janeiro de 1984. Ela descreveu a grandiosidade do ato e o envolvimento de sindicatos, trabalhadores e partidos políticos, ressaltando que a busca pela democracia crescia junto com as dificuldades econômicas enfrentadas pelo país. Para ela, ter feito parte da conquista do direito ao voto para presidente é motivo de orgulho e emoção.
A jornalista Rosana Córnea, que participou dos comícios de janeiro e abril de 1984, destaca a importância desse período para sua formação profissional e como cidadã. Ressalta que a mobilização não era apenas da esquerda, mas envolveu pessoas de diferentes segmentos da sociedade que acreditavam na importância do exercício da democracia.
Ao relembrar esse período, Rosana destaca a necessidade contínua de lutar pela democracia, especialmente diante das ameaças que esse sistema enfrenta atualmente no Brasil e em vários países ao redor do mundo. O movimento Diretas Já! não apenas marcou a luta pela democracia no Brasil, mas também deixou um legado de engajamento cívico e consciência política para as futuras gerações.