Brumadinho (MG) lidera lista de cidades brasileiras com mais conflitos na mineração, aponta estudo da UFF.

Tragédia de Brumadinho completa cinco anos e estudo aponta cidade como epicentro de conflitos relacionados à mineração

No dia 25 de janeiro deste ano, completou-se exatos cinco anos desde a tragédia de Brumadinho, em Minas Gerais. Nesse contexto, a cidade, que foi palco do rompimento de uma barragem da mineradora Vale em 2019, ainda é considerada o epicentro dos conflitos envolvendo a mineração no Brasil. A Universidade Federal Fluminense (UFF) divulgou um estudo que apontou Brumadinho como a cidade do país com o maior número de ocorrências relacionadas à mineração, totalizando 30 situações detectadas no município.

A pesquisa, coordenada pelo geógrafo Luiz Jardim Wanderley, professor da UFF, resultou no Relatório de Conflitos da Mineração no Brasil, divulgado recentemente. Em parceria com o Comitê Nacional em Defesa dos Territórios Frente à Mineração, o documento revela a situação complexa da região, que enfrenta impactos ambientais, disputas por reparação e reparações, bem como negligências das mineradoras, em especial a Vale.

Além dos impactos causados pela tragédia de 2019, a população local tem se mobilizado diante das violações e negligências das mineradoras, como afirmou o geógrafo Luiz Jardim Wanderley. Ele destacou que a média de protestos tem sido superior a um por mês e o município tem enfrentado conflitos em busca de reparação. O levantamento da UFF apontou um crescimento de 22,9% no total de localidades com conflitos envolvendo a mineração em 2022. O estudo também listou as empresas responsáveis pelos conflitos, sendo a Vale a líder da relação, com 115 ocorrências, o que representa 24% do total.

Os conflitos relacionados à mineração no Brasil ultrapassam as disputas por reparação. Segundo o relatório, mais de 90% dos conflitos envolvem disputas territoriais e cerca de 45 mortes relacionadas à atividade minerária foram registradas no último ano. Os estados que mais concentram ocorrências são Minas Gerais, Pará e Amazonas.

Luiz Jardim Wanderley salientou que os danos gerados pela mineração vão além dos impactos ambientais e incluem o sofrimento humano e a desestruturação do tecido social das comunidades afetadas. O estudo também evidenciou que os mais prejudicados pelas atividades minerárias, legais ou ilegais, são os mais pobres, indígenas e negros, revelando a operação do racismo ambiental. O geógrafo ressaltou que os conflitos se manifestam por meio da expulsão de pessoas, invasões, inviabilização do uso da terra e disputas relacionadas aos recursos hídricos. O relatório também abordou situações de trabalho degradante no setor.

Nesse contexto, a Vale afirmou que está comprometida com a reparação integral dos danos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho, priorizando as pessoas, as comunidades impactadas e o meio ambiente. No entanto, os dados do relatório apontam para a complexidade da situação e para a necessidade de medidas efetivas por parte das mineradoras, além do reforço de políticas públicas e de fiscalização por parte dos órgãos responsáveis.

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