Rebeldes houthis do Iêmen atraem atenção mundial com sofisticado armamento em meio à escalada de tensões no Mar Vermelho

Os recentes ataques dos rebeldes houthis do Iêmen e as retaliações dos Estados Unidos têm gerado uma crescente tensão no Mar Vermelho. Desde novembro, a milícia de Sanaã tem chamado a atenção mundial pelo sofisticado armamento que desenvolveu, composto por mísseis balísticos e de cruzeiro, além de drones feitos com equipamentos ou componentes iranianos.

Em 2015, os houthis introduziram uma série de sistemas de armas com assistência do Irã, como o míssil balístico de médio alcance Burkan 2-H, utilizado para atacar locais a uma distância de até 965 km. Além disso, destroços de 10 mísseis Burkan sugerem que eles foram contrabandeados para o Iêmen em pedaços e soldados por uma única equipe de engenheiros.

A evolução do arsenal dos houthis contrasta com o momento em que assumiram a capital do Iêmen, quando tinham a maioria do inventário de mísseis antiaéreos soviéticos obsoletos e precisavam de reparos. No entanto, com o tempo, a milícia desenvolveu estações de observação costeira, “navios espiões” e drones, além de convertendo lanchas da guarda costeira em drones explosivos autoguiados.

Além disso, segundo Fabian Hinz, pesquisador e especialista em mísseis do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, os houthis também possuem o Tufão, uma versão renomeada do míssil iraniano Qadr, com alcance estimado entre 1,6 mil a 1,9 mil km. O Irã realizou testes com ele em 2016, quando atingiu alvos a cerca de 1,4 mil km de distância. O equipamento foi usado pelos rebeldes em 2020 para atacar a Arábia Saudita e em 2022 contra instalações de petróleo nos Emirados Árabes Unidos.

Além dos mísseis, a milícia tem drones com componentes iranianos contrabandeados, possuindo alcance de até 2 mil km. Esses drones podem ser equipados com explosivos e voam autonomamente em direção aos seus alvos, sendo utilizados em ataques contra os Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Os houthis também afirmam que fabricam drones domesticamente, apesar de analistas apontarem para a presença de componentes iranianos contrabandeados.

Esses eventos mostram o contexto de uma guerra extensional entre os houthis e as forças dos Estados Unidos e seus aliados. A tensão tem gerado preocupações globais, afetando o comércio entre a Ásia e a Europa e levando a ofensivas aéreas dos EUA contra os houthis. Além disso, o Irã parece estar fornecendo apoio aos rebeldes, o que tem causado instabilidade na região.

A escalada no Mar Vermelho não parece próxima de um fim, com o líder houthi demonstrando disposição para enfrentar os EUA e pleitear um destino como governante pan-islâmico. Por sua vez, o Irã parece estar disposto a nutrir aliados na região como uma forma de projetar poder e construir uma primeira linha de defesa contra Israel e os EUA.

Esses eventos mostram a complexidade das dinâmicas geopolíticas no Oriente Médio, com potenciais impactos globais. A comunidade internacional precisa acompanhar de perto a evolução dessa situação e buscar formas de mitigar o agravamento do conflito, visando interesses de segurança e estabilidade na região.

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