Crise na Venezuela: quase 100 mil infectados pelo HIV e luta por tratamento e prevenção enquanto país enfrenta a escassez de remédios

Em meio à grande turbulência de crises política, econômica e social na Venezuela, um drama grave e silencioso vem se desenrolando. Estima-se que quase 100 mil venezuelanos estejam infectados pelo vírus HIV, e a urgência de lutar por seus direitos e dignidade é evidente.

A ausência de campanhas de prevenção combinada com o preconceito e discriminação diminuem o acesso ao tratamento no país. De acordo com a Organização das Nações Unidas para HIV e AIDS, cerca de 36 mil pessoas não estão recebendo tratamento para o vírus HIV. A falta de médicos e enfermeiros especializados em HIV/AIDS, o custo de vida elevado, o tabu em torno do vírus e a escassez de informações sobre cuidados complicam ainda mais a situação.

A falta de acesso a medicamentos antirretrovirais é outro desafio enfrentado pelos portadores do HIV na Venezuela. Em 2018, a escassez desses medicamentos atingiu 84% em todo o país. Carlos, um mecânico portador do vírus há duas décadas, teve que recorrer a alternativas durante a crise e filas, até conseguir retomar o tratamento e se recuperar.

Enquanto o governo venezuelano atribui a difícil situação do país à “guerra econômica”, organismos internacionais declararam em 2019 que a Venezuela enfrenta uma emergência humanitária. A ajuda humanitária do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e do Fundo Mundial de combate ao HIV, Tuberculose e Malária é que garante o tratamento aos portadores do vírus. No entanto, ainda assim, a falta de campanhas e diagnósticos precoces dificulta o cuidado dos pacientes.

Além disso, a falta de médicos e enfermeiros especializados está comprometendo os serviços de saúde. O Brasil, por exemplo, realiza testes de HIV pré-natal, ao contrário do que acontece na Venezuela. A porcentagem de grávidas com acesso a antirretrovirais era apenas 33% até 2022. Ou seja, apenas um quarto das gestantes é submetido a testes de HIV e sífilis.

A inflação é outro desafio que agrava a situação, com os altos custos de tratamento, remédios, exames e produtos básicos, dificultando o cuidado e a qualidade de vida dos portadores do vírus. A estigmatização, discriminação e o medo do preconceito também contribuem para que muitos portadores do vírus não busquem tratamento.

O retrato mostrado pela situação no país indica a necessidade urgente de atenção e intervenção em vários níveis, desde o acesso a medicamentos e testes, até a conscientização e combate ao preconceito. Muitas vidas estão em xeque e é fundamental que a comunidade internacional, organizações e governos busquem soluções eficazes para apoiar os portadores do HIV na Venezuela.

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