Histórias de luta contra a hanseníase: relatos de preconceito e superação em meio ao aumento de casos no Brasil

O jovem João Victor Pacheco descobriu que tinha hanseníase aos 17 anos, quando trabalhava como padeiro. Em entrevista ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional, ele contou sobre a dificuldade em buscar o diagnóstico e a resistência enfrentada durante o tratamento. O jovem mora em Cuiabá, capital de Mato Grosso, estado considerado endêmico para a doença.

Pacheco criticou a falta de conhecimento dos profissionais de saúde sobre a hanseníase, enfatizando que o diagnóstico tardio poderia ter sido evitado se seus familiares tivessem sido examinados em 2014. Segundo ele, a discriminação e o preconceito fazem parte da realidade que os portadores da doença enfrentam.

Marly Barbosa de Araújo, técnica em nutrição residindo em Brasília, também compartilhou sua experiência de ter passado por diversas unidades de saúde até receber o diagnóstico da doença. Ela denunciou o “preconceito ao contrário” que enfrentou por morar em uma área nobre da capital federal, destacando que a doença não escolhe classe social.

O preconceito vivenciado por Marly também foi percebido em situações do cotidiano, como quando uma vizinha sugeriu que ela vendesse seu apartamento por conta de sua condição de saúde. A técnica ainda alertou que o preconceito não é exclusivo de pessoas desinformadas, já que profissionais de saúde também são preconceituosos.

De acordo com o Painel de Monitoramento de Indicadores da Hanseníase, do Ministério da Saúde, o Brasil registrou mais de 19 mil novos casos de hanseníase entre janeiro e novembro de 2023, um aumento de 5% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mato Grosso lidera o ranking das unidades federativas com maiores taxas de detecção da doença.

A hanseníase é uma doença infecciosa causada pela bactéria Mycobacterium Leprae, que se reproduz lentamente e pode causar lesões na pele, perda de sensibilidade, fraqueza muscular e deformidades se não tratada precocemente. O Dia Mundial de Combate e Prevenção da Hanseníase é celebrado no último domingo do mês de janeiro, visando o combate ao estigma e à discriminação associados à doença.

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