Investigação da PF apura conduta da cúpula da Abin em meio à Operação Vigilância Aproximada, que monitorava ilegalmente autoridades.

Em meio às diligências da Operação Vigilância Aproximada, que visa investigar um suposto monitoramento ilegal para atender a interesses do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, a conduta do alto escalão da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também é alvo de investigação da Polícia Federal (PF). A cúpula da Agência convocou uma reunião extraordinária durante a operação da PF no dia 25, e agora os investigadores ouvem servidores para identificar o teor do encontro.

Três funcionários da Abin foram convocados para depor sobre o episódio, conforme informações divulgadas pela imprensa e confirmadas pelo Estadão. A PF procura esclarecimentos sobre a reunião interna no âmbito de sua investigação sobre um suposto “conluio” entre a gestão do órgão e servidores que já estavam sob mira da PF.

A reunião, de acordo com as investigações, aconteceu antes de o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), levantar o sigilo da decisão que mobilizou agentes da PF para cumprir 21 mandados de busca e apreensão. O principal alvo da operação foi o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a agência na gestão Bolsonaro e hoje é pré-candidato à prefeitura do Rio com o apoio do ex-presidente.

A linha investigativa que mira a cúpula da Abin apura se, sob pretexto de proteger informações “sensíveis”, a agência estaria dificultando o acesso a dados necessários para o avanço da investigação. A PF suspeita que a cúpula da agência esteja, na verdade, preocupada com a exposição da espionagem clandestina de autoridades.

De acordo com um trecho do relatório da PF que culminou na Operação Vigilância Aproximada, a PF alega que a conduta da Abin prejudicou a investigação. A direção atual da Agência é acusada de realizar ações que interferiram no andamento da investigação, sem que o intento dessas ações tenha sido possível de identificar.

O chefe da Abin, Luiz Fernando Corrêa, é apontado nos relatórios da PF como estando presente na reunião do dia 25, na qual o ex-diretor da agência e sucessor de Ramagem, Alessandro Moretti, teria afirmado que a investigação tinha “fundo político e iria passar”. A PF também ouviu dos investigados que a direção atual da Abin teria se comprometido a “construir uma estratégia em conjunto” e “convencer o pessoal que há apoio lá de cima”.

A investigação desse caso ainda está em andamento, e espera-se que mais informações sobre as atividades da Abin durante este processo sejam reveladas em breve.

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