Peixe Baiacu mata homem em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, após ingestão venenosa

Um homem de 46 anos morreu em Aracruz, no Norte do Espírito Santo, após comer um baiacu. O ingeriu o peixe no dia 23 de dezembro, foi levado ao hospital no mesmo dia ao passar mal e ficou internado por mais de um mês e faleceu neste sábado, dia 27 de janeiro.

O peixe baiacu é popularmente conhecido por se inchar e ganhar um formato de bola como forma de se proteger contra predadores, mas ele também é um peixe venenoso. O principal veneno encontrado no baiacu é a neurotoxina tetrodotoxina (TTx), que é achada em maiores concentrações nas vísceras (gônadas, fígado e baço) e na pele do peixe.

Segundo o biólogo João Luiz Gasparini, que integra a equipe do Projeto de Monitoramento Pesqueiro da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), é preciso fazer uma limpeza muito correta antes de comer o baiacu, retirando as vísceras sem deixar que elas se rompam. Ele ressalta que os limpadores de peixes das peixarias e mercados fazem isso com muita habilidade e cuidado.

Existem pelo menos 20 espécies de baiacu no Brasil, algumas com maior concentração de veneno, outras com menos. Os baiacus-arara são uma espécie bastante consumida no país e vendida em várias peixarias. No entanto, por conta dos cuidados necessários na hora da limpeza, a recomendação é sempre comprar o baiacu nas peixarias e nunca comer o baiacu que você, ou um amigo, pescou no mar.

A tetrodotoxina não é eliminada pela cocção, lavagem ou congelamento do peixe. Os sintomas iniciais de envenenamento pelo consumo do baiacu incluem sensação de boca dormente, fraqueza muscular, tontura, perda da capacidade de articular as palavras de forma normal, falta de coordenação de movimentos musculares voluntários e de equilíbrio, dificuldade de marcha e distúrbios visuais. Com o agravamento das manifestações neurológicas, podem surgir convulsões, dispneia e parada cardiorrespiratória.

O estudo de relato caso intitulado “Envenenamento fatal por baiacu (Tetrodontidae): relato de um caso em criança” ressalta que não há tratamento específico para os envenenamentos causados pela ingestão de baiacus. O tratamento é de suporte, fundamentalmente de apoio respiratório. Medidas imediatas podem incluir lavagem gástrica e medicamentos eméticos, mas apenas nas primeiras horas após a ingestão. A morte pode ocorrer devido à paralisia muscular, depressão respiratória e falência circulatória.

Assegurar a correta limpeza e preparo do baiacu antes do consumo é fundamental para evitar a ingestão da tetrodotoxina, um veneno letal presente neste peixe comum na costa brasileira. Fica o alerta para os cuidados necessários ao manipular e consumir esse peixe tão conhecido e apreciado por muitos, mas que pode representar um risco à saúde se não preparado corretamente.

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo