O número de assassinatos em 2023 foi 10,7% maior do que em 2022, quando ocorreram 131 casos. A média foi de 12 assassinatos de trans por mês, representando um aumento de um caso por mês em relação ao período anterior. O relatório destacou que, dos 145 homicídios ocorridos no ano passado, cinco foram cometidos contra pessoas trans defensoras de direitos humanos. Além disso, também foram registradas pelo menos 69 tentativas de homicídio, com 66 delas contra travestis e mulheres trans, e três contra homens trans/pessoas transmasculinas.
A secretária de Articulação Política da Antra, Bruna Benevides, enfatizou que a divulgação desses dados tem o objetivo de contribuir para a erradicação da transfobia, da travestifobia, do transfeminicídio e de outras violências diretas e indiretas contra a população trans no país. Ela ressaltou que o dossiê lança luz sobre o problema sistemático que acontece no Brasil e expressa a necessidade de assumir o compromisso de garantir que a população trans pare de ser assassinada.
O documento também revelou que a maioria dos assassinatos ocorre em locais públicos, principalmente em vias desertas, durante o período noturno. Além disso, foi destacado que a prostituição é a fonte de renda mais frequente para essas vítimas, sendo que a maioria delas eram negras. Por fim, o dossiê alertou sobre a ausência de ações de enfrentamento da violência contra pessoas LGBTQIA+ por parte do Estado brasileiro e a dificuldade de acesso a registros de violência LGBTfóbica, o que contribui para a impunidade e a insegurança na população trans.
O lançamento do dossiê foi parte da programação dos 20 anos do Dia da Visibilidade Trans e contou com a participação do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC), que também entregou o Troféu Fernanda Benvenutty para iniciativas de promoção da conquista de direitos e à formulação de políticas voltadas à cidadania e à dignidade das pessoas trans ao longo dos últimos 20 anos. Em resposta ao relatório, a secretária nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat, afirmou que a meta do governo é entregar uma política nacional dos direitos das pessoas LGBTQIA+. Ela ressaltou que é necessário promover o acesso, dignidade, respeito e autonomia para a população trans, que é vulnerável e atacada.