Em um discurso, Joe Biden disse que os EUA estavam “investigando os fatos”, fazendo uma referência aparentemente genérica a “grupos militantes radicais apoiados pelo Irã que operam na Síria e no Iraque”. Horas após o ataque, a Resistência Islâmica no Iraque, grupo descrito por fontes ocidentais como uma espécie de “cabide de milícias” que atendem aos interesses do Irã, assumiu a autoria do atentado.
A descrição genérica feita pelo presidente norte-americano pode ser a mais aproximada do rival em questão, já que, de acordo com relatórios do Washington Institute para o Oriente Próximo, a denominação de Resistência Islâmica no Iraque engloba todas as milícias apoiadas pelo Irã no país vizinho e suas operações, incluindo ataques contra outros países, como a Síria.
Essas milícias, que atendem a interesses do Irã no Iraque, podem estar interessadas em ocultar quais grupos exatos estão atacando as bases dos EUA, usando o nome da Resistência Islâmica como uma forma de evitar a responsabilização pelos ataques aos americanos. A forma de operação dessas milícias e seu comportamento durante o conflito Israel-Hamas “sugere fortemente” que as Forças Qods da Guarda Revolucionária do Irã estejam pressionando as lideranças dos grupos para agirem de forma conjunta, impedindo divergências internas.
O Irã tem investido no uso de grupos armados em outros países como parte de uma estratégia para manter os conflitos regionais longe de Teerã. Para tal, a utilização de uma denominação genérica e sem logotipo na Resistência Islâmica proporciona a cada grupo armado um nível de negação plausível, confundindo a identidade exata de quem está por trás das estratégias do grupo.
Após as autoridades americanas apontarem o regime iraniano como o “mandante intelectual” do ataque, o Irã rebateu essas alegações afirmando que a participação do país é inexistente nas decisões dos grupos de resistência. Além disso, o regime iraniano disse que as acusações foram feitas com objetivos políticos para reverter as realidades da região, negando qualquer culpa.
Essa estratégia de grupos milicianos no Iraque e na Síria de atacar e, ao mesmo tempo, se esquivar da responsabilidade, tem mantido um clima de tensão entre esses países e os Estados Unidos, com mais de 150 ataques de grupos armados desde meados de outubro. Esse jogo de poder na região tem se tornado cada vez mais preocupante, já que ataques e mortes vêm sendo constantes, o que tem acendido ainda mais o alerta da comunidade internacional para mais conflitos e a necessidade de soluções diplomáticas.