Aumento do feminicídio em São Paulo revela necessidade de ações preventivas contra a violência de gênero.

Recentemente, a pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), Débora Piccirillo, esteve presente em uma entrevista para comentar o aumento do número de feminicídios motivados por questões de gênero no estado de São Paulo. Débora ressaltou que as ações extremas de violência costumam ser precedidas de outras agressões, enfatizando a necessidade de intervenções para lidar com homens denunciados por agressão, a fim de evitar feminicídios.

De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) de São Paulo, houve um registro de 221 mortes de mulheres como feminicídios em 2023, representando um aumento significativo em relação aos anos anteriores. A análise dos casos revelou que em 83,2% das situações, as vítimas já haviam sofrido violência doméstica anteriormente, e em 56,1% dos casos, as mulheres tinham uma relação afetiva com o agressor.

Débora apontou que é comum que as mulheres que se tornam vítimas de feminicídio tenham feito denúncias prévias de violência, indicando um padrão recorrente. A pesquisadora ressaltou a importância de políticas de longo prazo para conter a violência de forma mais definitiva e garantir a mudança de comportamento dos agressores.

A especialista também enfatizou o crescimento expressivo de demonstrações de ódio e caráter misógino, que contribuem para os atos extremos de violência contra as mulheres. Ela ressaltou que os homens frequentemente agem de forma possessiva em seus relacionamentos íntimos, especialmente em situações de ciúme, o que pode motivar atos de violência extrema, como o assassinato. Débora alertou que é necessário um trabalho mais profundo para conter esse comportamento e evitar que novas vítimas sejam atingidas.

Diante desse cenário, a SSP anunciou a implementação de um projeto para que os agressores recebam uma tornozeleira eletrônica ao serem soltos nas audiências de custódia. A medida foi vista como interessante pela pesquisadora, visto que possibilita uma intervenção imediata da polícia caso o agressor se aproxime da vítima novamente.

Esses dados e análises apontam para a urgência de ações efetivas e políticas de longo prazo para combater a violência de gênero e garantir a segurança das mulheres. Medidas de prevenção, políticas de proteção e intervenções nos comportamentos dos agressores são fundamentais para evitar futuros casos de feminicídio.

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