A pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), Débora Piccirillo, aponta que a maioria dos casos de feminicídio é precedida por outras formas de agressão, como ameaças, violência psicológica e violência física. Ela ressalta que muitas mulheres que são vítimas já haviam feito denúncias sobre a violência que estavam sofrendo, mas as medidas tomadas não foram suficientes para evitar o desfecho trágico.
Para enfrentar esse problema, a SSP informou que tem se dedicado a examinar a dinâmica desse tipo de crime e identificou que em 83,2% das situações a vítima havia sofrido violência doméstica anteriormente. Em 56,1% dos casos, a mulher tinha uma relação afetiva com o agressor e em 39,3%, tinha uma ligação familiar ou de amizade. Como medida preventiva, a secretaria desenvolveu um projeto para que os agressores recebam uma tornozeleira eletrônica ao serem soltos nas audiências de custódia.
Débora Piccirillo avalia positivamente essa medida, pois considera que a tornozeleira eletrônica pode ajudar a polícia a evitar novos ataques, permitindo uma intervenção imediata quando o agressor se aproximar da vítima. No entanto, a pesquisadora enfatiza que é necessário um trabalho mais profundo e de longo prazo para lidar com a violência de gênero de forma mais efetiva.
Ela aponta que o aumento dos casos de feminicídio está relacionado ao crescimento expressivo de demonstrações de ódio, de caráter misógino, que têm sido observadas nos últimos anos. O sentimento de posse e controle por parte dos homens é destacado como uma das principais motivações para atos de violência extrema como o feminicídio.
Dessa forma, é crucial realizar um trabalho de conscientização e mudança de comportamento dos agressores, para que eles consigam controlar e superar as atitudes violentas que têm como alvo as mulheres. A pesquisadora ressalta a importância de uma política de longo prazo que busque envolver e transformar a postura dos homens agressores, visando assim a prevenção de novas tragédias.